O senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi um dos mais atingidos pela bombástica delação premiada do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, na Operação Lava jato, à qual o Hoje em Dia teve acesso.Também são citados o presidente interino Michel Temer (PMDB) e pelo menos outros 18 políticos.
No documento, Machado joga luz sobre um suposto esquema que levou à eleição de Aécio à presidência da Câmara dos Deputados e afirma que a prática do deputado de receber propinas era frequente. Sobre a eleição de Aécio à presidência da Câmara dos Deputados, em 2000, Machado afirma que o político mineiro e o então senador e presidente do PSDB Teotônio Vilela, já falecido, armaram um esquema de captação de recursos nas eleições de 1998 com objetivo de viabilizar a vitória de candidatos que viessem a apoiá-lo na liderança da Câmara. À época parlamentar, Machado ocupava o posto de líder dos tucanos no Senado.
“A maior parcela dos cerca de R$7 milhões arrecadados à época foi destinada ao então deputado Aécio Neves, que recebeu R$1 milhão em dinheiro”, disse o delator, que, na sequência, complementa que “com frequência, Aécio recebia esses valores através de um amigo de Brasília que o ajudava nessa logística”.
Boa parte desses recursos, afirma o documento, seria repassada em espécie. Uma parcela teria origem no exterior, além de repasses de empresas com contratos com a Transpetro. Ainda de acordo com o delator, parte dos recursos viria de Furnas, onde Aécio teria grande influência. “Todos do PSDB sabiam que Furnas prestava grande apoio ao deputado Aécio via o diretor Dimas Toledo, que era apadrinhado por ele durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Dimas Toledo contribuiu com parte dos recursos para a eleição da bancada da Câmara à época”, diz Machado em anexo da delação totalmente dedicado à eleição da Câmara em 2000.
Essas ações, durante a campanha de 1998, além de articulações nas eleições municipais de 2000, afirma Machado, contribuíram para que o PSDB chegasse a 99 deputados na Câmara, abrindo caminho para a presidência de Aécio na Casa, o que serviria para estruturar a base de apoio ao então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso no Congresso.
Defesa
Em nota, o senador Aécio Neves afirmou que as acusações são “falsas e covardes”. De acordo com o ex-governador de Minas, as afirmações partem “de quem, no afã de apagar seus crimes e conquistar os benefícios de uma delação premiada, não hesita em mentir e caluniar”.
Qualquer pessoa que acompanha a cena política brasileira sabe que, em 1998, sequer se cogitava a minha candidatura à presidência da Câmara dos Deputados, o que só ocorreu muito depois”, apontou o senador.
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