Delegado diz que Eliza não foi esquartejada na casa de "Bola" e mão não foi jogada para cães

Thais Mota e Renata Evangelista - Hoje em Dia
Publicado em 24/04/2013 às 17:36.Atualizado em 21/11/2021 às 03:07.

O delegado Edson Moreira surpreendeu em seu depoimento ao falar que o corpo de Eliza Samudio pode não ter sido esquartejado na casa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola". Além disso, ele falou que a mão da vítima não foi jogada para os cães do acusado. Essas duas versões estão sendo sustentadas no julgamento pelo promotor do Ministério Público Estadual (MPE), Henry Wagner Vasconcelos.

Em seu interrogatório, que é realizado na tarde desta quarta-feira (24), no Fórum de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Moreira informou que foram realizadas buscas na casa de "Bola" e que nenhum vestígio de sangue da ex-modelo foi encontrado no local. Segundo dele, equipes do Instituto de Criminalística, Corpo de Bombeiros e representantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) fizeram perícias no imóvel, inclusive com uso de luminol (substância usada para identificar presença de sangue humano ou animal) e foi constatado que ninguém foi esquartejado lá. "Naquela casa ninguém foi picado. Mas pode ter acontecido uma morte por asfixia no local", declarou.
 
Além disso, o delegado contou que durante buscas feitas na casa do acusado, a polícia não encontrou arma na residência. Ércio Quaresma, que representa o réu, então, mostrou no plenário um revólver e duas facas que teriam sido apreendidas no local. Moreira foi categórico ao afirmar que as armas não foram achadas no imóvel de "Bola".
 
Diante das respostas do delegado, o advogado do réu disse que tem um vídeo com uma entrevista coletiva dada por Moreira, no fim das investigações, em que ele fala que Eliza foi esquartejada. Mas o delegado, que atualmente é vereador pela capital mineira, nega a afirmação.
 
Testemunha
 
O delegado Edson Moreira continuou seu depoimento explicando que Luiz Henrique Romão, o "Macarrão", e Jorge Luiz Rosa Sales, primo de Bruno que denunciou o assassinato, presenciaram a execução de Eliza Samudio por asfixia. O crime teria ocorrido "em um local macabro". Ele contou, ainda, que os dois ouviram "Bola" dizer que iria picar a vítima e depois o acusado voltou com um saco preto nas mãos, que foi deixando no canil da casa.
 
"Olha a mão dela aí", teria dito o ex-policial, fazendo um movimento simulando estar jogando um membro da vítima para os cães. "Estamos diante de um especialista na arte de matar", disse o delegado. E completou: "Ele não queria que os dois soubessem o destino do corpo".
 
Simulação
 
Criticando a atuação da polícia durante o inquérito, Ércio Quaresma perguntou para o delegado se a condenação dos quatro réus que já foram julgados pelo assassinato de Eliza foi baseada em uma simulação. "Uma coisa é o que o menor narra, e outra é a experiência de 33 anos que possuo na Polícia Civil", respondeu.
 
O delegado Edson Moreira é a última testemunha a ser ouvida neste terceiro dia de julgamento. Seu depoimento começou às 13h30. Ele e "Bola", que já se conheciam antes do crime, são inimigos declarados. Os dois chegaram a trocar farpas por várias vezes durante a fase de investigação.
 
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