Deputado mineiro 'boa praça' a dois passos da linha sucessória

Filipe Motta
fmotta@hojeemdia.com.br
Publicado em 14/02/2017 às 06:00.Atualizado em 15/11/2021 às 22:49.

A chegada do mineiro Fábio Ramalho (PMDB-MG) à 1ª Vice-Presidência da Câmara dos Deputados, cargo que o coloca a dois pés da linha sucessória da Presidência da República, surpreendeu muita gente no meio político.

Ele, no entanto, garante que já sabia do seu potencial de “puxador de voto”. “Desde o início eu sabia que teria a vice-presidência. Em dezembro, dei entrevista e afirmei isso”, disse à reportagem.

Um eventual afastamento do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), que tem sido citado por suposto envolvimento em casos investigados na “Lava Jato”, levaria o parlamentar mineiro ao comando da Casa Legislativa.

Ex-prefeito da cidade de Malacacheta (1997-2004), no Vale do Mucuri, e líder do bloco de Minas na Câmara, o que lhe valeu a alcunha de “Fabinho Liderança”, Ramalho está na Casa desde 2007 e tenta se desvencilhar da imagem de figura folclórica.

“Ajudei a eleger presidentes da Câmara Arlindo Chinaglia (PT), Michel Temer (PMDB) e Rodrigo Maia (DEM). O Chinaglia conseguiu conduzir o PT para votar em mim, e a bancada de Minas, com ajuda de Pimentel e Anastasia, vieram comigo”
Fábio Ramalho (PMDB-MG)
1º Vice-Presidente da Câmara dos Deputados

Comensal

Boa praça e de trato fácil com políticos, funcionários e populares que frequentam a Câmara, Fabinho ficou conhecido pelos dotes de comensal. Em dias em que a votação varava a noite, já serviu leitão à pururuca e galinhada numa área anexa ao plenário para os parlamentares que quisessem matar a fome. “Gosto de cozinhar comida mineira, é uma coisa que vem de família”, explica.

Além disso, seu apartamento funcional ficou conhecido por receber festas reunindo deputados e senadores, algumas delas “quentes”, nas palavras de algumas fontes.

“Ninguém sabe o que tem de lenda urbana nessas festas, mas que existe lenda, existe. Vai senador, deputado, ministro – ia o Temer, no tempo em que o Temer era deputado federal. Até hoje, dizem que os dois têm uma boa relação e o Fabinho é um dos poucos deputados que têm acesso fácil ao gabinete do presidente”, afirma uma das fontes. Com Temer, viajou para a China, e também tinha bom trato com Lula e Dilma.

Avesso a e-mail e smartphone (“trem do capeta”, nas palavras de Ramalho), o deputado não é um membro nato do PMDB, ao qual se filiou somente em 2016; antes disso, fez carreira no PV, sendo filiado entre 2005 e 2015, e no PTB, entre 1999 e 2015

Defesa

Seu colega de partido e também deputado federal Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) o defende. “Numa Casa que é a expressão do que é o povo brasileiro, o Fábio representa muito bem o eleitorado dele. As ações do Fábio não podem ser interpretadas com demérito: ele gostar de servir as pessoas, de receber, inclusive em momentos em que a gente que fica muito sem comer, nas sessões da Câmara... é um gesto importante”, afirma.

Certo é que a atuação de Ramalho contribuiu, por exemplo, para a articulação de deputados mineiros junto ao governo Temer, na tentativa de renegociação da dívida do Estado com a União, ano passado.

E as visitas do Fernando Pimentel (PT) e do hoje senador Antônio Anastasia (PSDB) à Malacacheta, durante os seus mandatos no governo (a última de Pimentel foi em janeiro), apontam retribuições ao parlamentar.

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