Despenca a produção de leite no Norte de Minas

Jornal O Norte
27/06/2008 às 10:56.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:36

Valéria Esteves


Repórter

A produção de leite sofre queda de até 30% no Norte de Minas. Conforme o extensionista da Emater de Montes Claros, Charles Ramon Xavier o produtor está trocando moedas, já que tanto os insumos agrícolas tanto quanto a ração animal estão muito caros.

No momento, os produtores já se preparam e começam a confinar o gado. Quem não opta e mesmo quem escolhe esse caminho continua alimentando o gado com sal mineral, silagem a base de sorgo, cana de açúcar, milho uréia entre outros.

Outro contraste visto neste período no Norte de Minas, segundo o extensionista é a grande demanda por boi gordo. O problema é que há pouca oferta de gado na região e o frigorífico Independência tem recorrido ao mercado de São Paulo entre outros para atender a demanda de mercado. A arroba está sendo cotada a R$ 85 e em São Paulo chega a R$ 100 com forte tendência a aumentar nos próximos meses devido à crise alimentar em vários países do mundo.

Algumas dificuldades também são encontradas na produção de milho. A maioria dos animais se alimenta deste grão e com a alta nos insumos agrícolas, o custo produção encareceu. A saca de 60 kg é cotada de R$ 28 a R$ 30 na região. No ano passado neste mesmo período a saca não ultrapassou o preço de R$ 22, afirma Charles Xavier.

- Todos os produtos, o que envolve o setor alimentação, estão mais caros. Podemos notar nos supermercados que nos últimos meses, o feijão, carne, arroz, entre outros, só aumentaram seus preços. Fora disso, a produção de leite tem sofrido com a alta dos adubos que no ano passado custava R$ 50 hoje custa R$ 100, entre vários aumentos que o produtor está tendo que pagar.

Por outro lado, quem investiu em produção de olericultura, fruticultura e grãos está sendo beneficiado exatamente por conta da demanda do mercado por alimentos. Para tanto o governo brasileiro tomou uma medida urgente: aumentar a produção de fertilizantes no país como um instrumento para conter a alta no preço dos alimentos. A redução da dependência nessa área foi recomendada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em reunião ministerial. Feito à base de potássio, fosfato e nitrogenados, os fertilizantes tiveram reajustes de 100% nos últimos meses, tornando-se um dos principais fatores de pressão inflacionária no setor. A intenção do governo é reverter um quadro de dependência externa, reduzindo de 75% para 25% do consumo a importação desse tipo de produto.

Em relação ao potássio, contudo, o próprio governo admite que não há condições de o país tornar-se auto-suficiente. O assunto foi levantado quando o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, enumerou a importância e as dificuldades para que o Brasil aumente sua produção de alimentos, compensando com uma oferta maior a grande demanda atual. Mesmo assim, Stephanes acha possível aumentar a produção, sem necessariamente criar novas fronteiras agrícolas – uma das preocupações expressadas pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.

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