Uma estudante paulistana de 15 anos foi impedida de entrar nos Estados Unidos, onde pretendia passar férias, e está detida em um abrigo para adolescentes em Miami, na Flórida, desde 27 de novembro. A família de V.L.S., que vive no bairro do Rio Pequeno, na zona oeste de São Paulo, não sabe quando a menina vai voltar nem qual foi o motivo da detenção.
Em Miami, a estudante encontraria uma tia-avó, a corretora de imóveis Marli Volpenhein, de 41 anos, que vive no exterior desde o início dos anos 2000. A família da jovem garante que ela tirou passaporte, solicitou visto de turista no consulado e comprou a passagem de volta, marcada para 26 de maio. Como viajou sozinha, ela também levou uma autorização dos pais por escrito.
As autoridades americanas informaram que o caso envolve uma questão de imigração e a liberação da menor depende da avaliação de um juiz da Vara da Infância local, segundo o Ministério das Relações Exteriores. A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil afirmou que não pode fornecer mais detalhes sobre o caso para não invadir a privacidade da jovem. O Itamaraty também disse que não poderia revelar o motivo da detenção. O órgão afirmou que está trabalhando para dar uma solução rápida ao caso, mas isso depende dos trâmites da Justiça americana. Diplomatas brasileiros em Miami estão acompanhando a história. Uma audiência pode ser marcada até o fim da semana.
A autorização feita pelos pais da estudante para que ela pudesse viajar sozinha foi o primeiro problema enfrentado por ela, ainda no aeroporto. O documento, com firma reconhecida, foi escrito em português. Na manhã de 27 de novembro, um funcionário do consulado brasileiro em Miami entrou em contato com a mãe da garota, Alexsandra Aparecida da Silva, de 36 anos, e pediu que uma tradução juramentada fosse enviada. O papel chegou no dia seguinte, diz a família. "Achei um absurdo tudo isso. Era a primeira viagem internacional dela. A documentação estava em ordem, ela tinha onde ficar. Não veio morar aqui. A passagem de volta estava marcada. Não tinha por que ser barrada no aeroporto", afirma Marli - a tia-avó da jovem, casada com um americano e que também foi interrogada por agentes da imigração no aeroporto. "Tiraram tudo o que tinha na mala, mas não acharam nada. Minha sobrinha estava muito nervosa, sem saber o que estava acontecendo."
Na mesma tarde, a menina foi levada para o abrigo. Lá, segundo a garota contou à família, tem de usar uniforme: camiseta vermelha, calças azuis e chinelos. Ela tem aulas de inglês e fala espanhol com as outras meninas detidas e com os funcionários.
O Itamaraty garante que está mediando contatos frequentes da estudante com sua família. Os parentes da jovem dizem, porém, que não conversam com ela desde 31 de dezembro. "Ela veio para cá passar o Natal, o ano-novo, conhecer a Disney. Não pode fazer nada disso. Até o aniversário (que é nesta quinta-feira, 10) vai passar dentro do abrigo", lamenta Marli. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo