Dia Mundial do Orgulho Gay é lembrado por lutas e vitórias

Renata Galdino - Hoje em Dia
28/06/2014 às 14:11.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:11
 (Wesley Rodrigues/Hoje em Dia)

(Wesley Rodrigues/Hoje em Dia)

  Durante décadas de luta, muitas vitórias. A principal delas, a permissão do casamento civil. Se lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBTs) têm muita coisa para comemorar neste sábado, data em que é celebrado o Dia Internacional do Orgulho Gay, eles também afirmam: há várias outras para serem conquistadas. “Se melhoramos ou não, eu diria que sim: nós melhoramos. Nunca se fez tanto como nestes últimos dez anos anos”, analisa o mestrando em Psicologia Igor Monteiro.    Pesquisador do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGTB (NUH), da UFMG, ele ressalta que ações públicas de melhorias para os homossexuais são recentes, e o marco histórico foi o programa Brasil sem Homofobia, formulado em 2004. Ainda que o plano não tivesse força de lei, o estudioso avalia esse como o primeiro para a inserção das questões de gênero e sexualidade nas discussões políticas institucionais. E foi a partir das conferências públicas que outros programas importantes foram criados, como o Plano Nacional LGBT. “Ele explicitava que não se tratava unicamente de uma questão homossexual, que havia mais a se considerar nesse campo – o que também representou um avanço”, complementa Igor.    Porém, o pesquisador afirma que as conquistas até agora são uma gota no oceano, e as políticas públicas aparentemente ainda não são eficazes. “Estamos muito longe de um quadro de igualdade ou equivalência de direitos. Os dados do Disque 100 ou as denúncias do movimento social deixam isso explícito. A homofobia, o machismo e o sexismo ainda são uma constante em nossas relações cotidianas. O preconceito ou a discriminação contra quem é percebido como LGBT ainda é um fato extremamente presente na nossa sociedade, e eu não conheço nenhum indicador de política pública brasileira que aponte para uma redução desse fenômeno”, diz.   Melhor aceitação   Mesmo com desafios a serem enfrentados, o cabeleireiro José Evangelista Silva, de 31 anos, afirma que é mais fácil assumir a homossexualidade hoje do que há dez anos. “Tive certeza da minha opção sexual aos 12 anos, mas só contei para a minha família há seis. Meu pai era muito rígido, eu morava em cidade do interior onde há muito preconceito. Hoje você vê meninos adolescente beijando outros meninos em espaços públicos, e as pessoas aceitam melhor”, avalia.   Para José Evangelista, a maior vitória dos homossexuais foi a possibilidade da união civil, em cartório, conquistada no ano passado. Ele e o namorado, o recepcionista Robert Pietro, de 26 anos, pretendem se casar em 2015. “As pessoas têm a mente mais aberta hoje, e as campanhas de conscientização ajudaram nisso”, diz o cabelereiro.   Quem compartilha da mesma opinião é o administrador Mário Thiago Melo Costa, de 34 anos. Há 14, ele assumiu a sua opção sexual. Por mais que ainda tenha medo de retaliação, enfrentou os desafios e registrou a união estável, há quatro anos, com o consultor gráfico Leonardo Silva Magalhães, de 32 anos. “Mas não ando de mãos dadas com ele na rua, mesmo nunca ter sido vítima de agressão. Amigos meus foram, e a gente fica com receio”, diz.   Mário Thiago diz que tem muito o que comemorar neste sábado, mas gostaria de fazer algo que aos homossexuais ainda não é permitido: doar sangue. “É um gesto que queria compartilhar, mas ainda somos classificados em grupo de risco, como se um hetero também não fosse”.

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