Dilma é alvo principal de Aécio e Marina em debate

Amália Goulart - Hoje em Dia
29/09/2014 às 01:22.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:23
 (Nelson Antoine/Estadão Conteúdo)

(Nelson Antoine/Estadão Conteúdo)

Cinco dos seis candidatos à Presidência da República centraram fogo contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) no penúltimo debate presidencial, realizado na noite deste domingo (28) pela TV Record a uma semana das eleições. Quase todos eles citaram escândalos de corrupção na Petrobras.

Já a petista optou pelo confronto direto com Marina Silva (PSB). Na primeira rodada ela acusou a socialista de votar contra a criação da extinta Compensação Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF). Marina disse que votou favorável, porém, não respondeu ao questionamento da petista. “Atitudes como essa geram insegurança. Não dá para improvisar. Me estarrece que a senhora não lembre como votou”, afirmou Dilma. Marina acusou a adversária de espalhar “boatos”. As duas ainda trocaram farpas sobre o papel dos bancos públicos.

Em queda nas últimas pesquisas de intenção de voto, a socialista teve que responder diversas vezes sobre declarações conflitantes, feitas durante a campanha eleitoral. Segunda colocada nos levantamentos de intenção de voto, ela partiu para o ataque tanto contra a presidente, líder nos levantamentos, quanto contra o adversário mais próximo, senador Aécio Neves (PSDB). Ela optou por atribuir ao tucano o que considera erros do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). A coordenação da campanha socialista, nos bastidores, teme que Marina seja ultrapassada por Aécio, que cresceu nas pesquisas.

Ao questionar o tucano sobre a matriz energética brasileira, Marina disse que os governos FHC, Lula e Dilma “improvisaram”. “O que precisa é acabar com o improviso. Nos dois governos tivemos improviso”, afirmou. Aécio defendeu o governo do aliado e criticou a gestão petista.

O tucano partiu para o ataque contra o governo federal. Acusou a presidente Dilma de não se indignar com as denúncias de corrupção na Petrobras. “Expresso aqui a indignação de milhões de brasileiros. As denúncias não cessam”, afirmou. Dilma perguntou a Aécio se privatizaria a Petrobras. Ela lembrou discurso do tucano, na década de 1990, em que deixava subentendido que poderia privatizar a empresa. Aécio disse que iria reestatizar a Petrobras, declaração considerada por Dilma como “eleitoreira”.

Dilma afirmou que foi a responsável por exonerar o ex-diretor da empresa, Paulo Roberto Costa, apontado pela Polícia Federal como alvo de desvio de recursos da Petrobras. Quem demitiu o Paulo Roberto fui eu”, justificou-se. “Dei autonomia à Polícia Federal para prender o Paulo Roberto e os doleiros”, completou em outra ocasião, citando a operação Lava Jato.

Também participaram os candidatos Pastor Everaldo (PSC), Luciana Genro (Psol), Eduardo Jorge (PV) e Levy Fidelix (PRTB). Luciana Genro protagonizou um dos embates com Marina Silva. Apontou mudança de posições da socialista. Segundo ela, a “nova política” da adversária é a “política mais velha da história”, pois ela “cede” em seus posicionamentos para agradar setores da sociedade e economia. Lembrou do passado ambientalista da candidata e seu recente aceno favorável ao agronegócio.

Temas como aborto e casamento entre pessoas do mesmo sexo ganharam destaque entre os candidatos que correm por fora. Levy Fidelix, ao afirmar que era contra o casamento homossexual, chegou a dizer que a população diminuiria, caso a posição da colega, Luciana Genro, defensora da causa, se concretizasse. “Aparelho excretor não faz filho”, afirmou.

A presidente Dilma pediu direito de resposta todas as vezes que o governo dela foi citado pelos demais candidatos. Como o debate não a permitiu defender a gestão, Dilma usou do tempo que teve para responder a outros candidatos. Teve direito de resposta apenas quando citada nominalmente.

Quanto à vestimenta, item alvo dos marqueteiros, os líderes na corrida optaram por usar as cores dos respectivos partidos. Dilma foi com blaser vermelho. Aécio usou gravata azul, também como a cor do PSDB. Já Marina, que modernizou as vestes quando foi alçada candidata, preferiu um blaser verde, com corte justo.

Análise de Orion Teixeira - colunista político

Estratégia da reta final

O penúltimo debate presidencial, veiculado pela TV Record, reafirmou a estratégia de cada um dos candidatos nos últimos dias. Em vez de propostas e respostas aos problemas da realidade brasileira, cada um, a seu modo, fez dos ataques, especialmente ao governo petista.

Líder isolada nas pesquisas, a candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff, polarizou com a desafiante Marina Silva (PSB), com o objetivo claro de expor as fragilidades e inconsistências dela. Em sua propaganda de televisão, e em suas linhas auxiliares, o PT e Dilma mantém a operação desconstrução da imagem de Marina, que, de acordo com as pesquisas, tem provocado queda da pessebista. 

Marina acusou a prática, chamando-a de boataria, e focou suas críticas sobre o legado do governo petista, na gestão Dilma. 

Apesar de centrar fogo contra Marina, para tomar seu lugar em eventual segundo turno, o tucano Aécio Neves disparou suas críticas e ataques ao governo Dilma, para tentar vincular seu partido como única oposição aberta ao PT. 

 

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