O governo Dilma Rousseff (PT) conta com três fatores para ganhar sobrevida e se fortalecer para a primeira, e a mais importante, batalha do impeachment na Câmara dos Deputados. O primeiro deles é a decisão que tomará hoje o Supremo Tribunal Federal sobre a posse de Lula como ministro da Casa Civil. O segundo são as mobilizações de rua a partir desta quinta (31); e o terceiro é o risco que seria um eventual governo Michel Temer (atual vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB).
No primeiro caso, como articulador político, Lula poderia recompor nova base política para essa emergência. Sua posse depende do STF, que pode confirmar a legalidade de sua nomeação apesar das pesadas críticas que ele fez aos ministros do Supremo, quando disse que estavam “acovardados”, por meio dos grampos telefônicos. O ressentimento será seu maior adversário neste julgamento.
Nas ruas, o PT espera equilibrar o jogo para fortalecer os que estão indecisos. No terceiro, aposta na advertência de que o ‘fora Dilma’ terá como substituto o ‘Temer presidente’.
Pimentel vai pra rua
O governador mineiro gravou vídeo convocando para as ruas, nesta quinta, contra “o arbítrio, o retrocesso, intolerância e o golpe”.
PT/MG teme jogo duplo do PMDB
As conversas havidas nessa terça (29) entre deputados do PMDB mineiro e o secretário de Governo, Odair Cunha (PT), não foram suficientes para afastar riscos de contaminação da situação nacional em Minas. Tanto é que, nessa quarta (30), houve nova reunião entre o líder do governo, Durval Ângelo (PT), os mesmos deputados e o presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes (PMDB). No final do dia, Odair Cunha iria à Assembleia para discutir a relação.
O PT mineiro teme o jogo duplo do PMDB, flertando com as dificuldades do governo petista e até mesmo com a oposição. Não há nada de concreto, além das insatisfações do PMDB e de toda a base aliada, mas a greve branca na Assembleia seria resultado do atraso na quitação de emendas parlamentares ao Orçamento (destina recursos aos municípios onde os deputados são votados). Odair contesta essa versão.
O nó górdio está no presidente da Assembleia. Todos sabem que depende dele o andamento dos trabalhos na Casa. Se ele quiser, põe os deputados em plenário para votar; se não se empenhar, fica como está hoje, sem nada votar. Adalclever tem sido o principal fiador do governo Fernando Pimentel, mas não tem tido, na avaliação dos deputados, o retorno da parte do governo. Dizem que empenha a palavra perante aliados, independentes e até a oposição e que, depois, o governo não cumpre.
Com isso, nada é votado, ainda que projetos de teor social, como o que “recontrata” servidores demitidos da Lei 100 (sem concurso) que estavam de licença médica no momento da dispensa. Resultado, estão desde janeiro sem receber. Além disso, há o projeto que concede o reajuste de 11,36% do piso nacional ao professorado.
O governo ainda se assustou com a decisão do PMDB mineiro de aprovar o rompimento com Dilma na segunda (28). Mais ainda quando viu sentado, na primeira fileira do diretório nacional do PMDB, o presidente da Assembleia Legislativa, cujo pai é o ministro da Aviação Civil (Mauro Lopes) do governo Dilma. Tudo somado, as barbas estão de molho.