Dinheiro em avião traz os 'aloprados' de volta a Minas

Hoje em Dia
09/10/2014 às 07:16.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:32

(Arquivo/Hoje em Dia)

A coligação Minas pra Você, que elegeu o ex-ministro Fernando Pimentel ao governo de Minas Gerais, admitiu por meio de nota que um dos três presos na noite de terça-feira em Brasília, em um avião particular que carregava R$ 116 mil em dinheiro vivo, prestou serviços para a campanha petista. Marcier Trombiere Moreira era assessor do Ministério das Cidades até junho deste ano, quando saiu para se dedicar à campanha de Pimentel.

Outro detido na operação é também velho conhecido do PT. Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, é empresário no DF. Em 2010, ele foi o responsável por alugar duas casas na capital federal, que abrigaram a estrutura da campanha de Dilma Rousseff à Presidência, incluindo o imóvel que foi utilizado como “bunker” para produção de dossiês contra o tucano José Serra, que concorreu com a petista, bem como pela administração da operação no local. A operação desastrada foi descoberta pela Polícia Federal, mas ninguém foi condenado pelo episódio. Na época, os envolvidos ficaram conhecidos como os “aloprados do PT”, em referência ao que afirmou o ex-presidente Lula.

De acordo com reportagem do jornal “O Estado de S.Paulo” à época, o empresário chegou à campanha pelas mãos do núcleo mineiro do comitê petista, capitaneado pelo hoje governador eleito de Minas, Fernando Pimentel. As empresas de Benedito, a Gráfica e Editora Brasil e a Dialog, faturaram R$ 214 milhões em contratos com o governo federal apenas entre 2004 e 2010. Na atual campanha, a Gráfica e Editora Brasil prestou serviços para o PT em Minas.

A nota emitida pela campanha de Pimentel afirma que a coligação “não pode se responsabilizar pela conduta de fornecedores”.

Entenda o caso 

A Polícia Federal apreendeu no aeroporto internacional de Brasília, no início da noite da última terça-feira, ao menos R$ 116 mil em dinheiro vivo com três pessoas que estavam em um voo proveniente de Belo Horizonte. Os três homens prestaram depoimento na superintendência da PF em Brasília.

Além dos dois fornecedores da campanha petista em Minas, também foram ouvidos o piloto, o co-piloto e um terceiro suspeito, identificado como Pedro de Medeiros. Eles foram liberados ainda na terça-feira.

A PF havia recebido uma denúncia anônima de que a aeronave estaria levando para Brasília malas com dinheiro vivo. A suspeita levou os agentes a abordarem a aeronave ainda na pista. A polícia irá instaurar inquérito para investigar a origem dos recursos. A suspeita é a de que se trate de lavagem de dinheiro. Os suspeitos não foram encontrados para falar sobre o episódio.

Durante evento de campanha, a presidente Dilma se irritou ontem quando um repórter perguntou se poderia afastar Pimentel da coordenação de sua campanha à reeleição. “Tudo o que vocês [JORNALISTAS] queriam, não é? Por que eu afastaria o Pimentel? Você já condenou?

Leia a íntegra da nota da coligação

A propósito da detenção de um colaborador da campanha da coligação Minas pra Você ao governo de Minas Gerais é necessário esclarecer: O senhor Marcier Trombiere prestou serviços de comunicação. A Gráfica e Editora Brasil LTDA prestou serviços gráficos. As notas fiscais foram emitidas e as despesas serão declaradas na prestação de contas final da campanha. A Coligação Minas Pra Você não pode se responsabilizar pela conduta de fornecedores. A campanha foi encerrada no último domingo, data limite para a permanência de qualquer prestador de serviços na campanha. Pela natureza do serviço prestado pela empresa, a relação com a gráfica já se encerrara. Assessoria de imprensa Coligação Minas pra Você

Aeronave é particular e pertence a empresa do Distrito Federal

O avião apreendido em Brasília está em nome da empresa Bridge Participações S/A, que tem sede na capital federal. A aeronave, de prefixo PR-PEG, fez vários voos nos últimos três meses entre Belo Horizonte e Brasília. Há também registros de viagens para cidades do interior do Estado, como Montes Claros, Curvelo, Divinópolis, Juiz de Fora e Patos de Minas, mas também idas a outras capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória e Goiânia.
 
Nem a Polícia Federal e nem a coligação Minas pra Você informaram se o avião chegou a atender ao governador eleito Fernando Pimentel durante a campanha. 
A empresa dona da aeronave está registrada com sede no Setor Bancário Sul de Brasília e tem em seu quadro societário dois irmãos, Ricardo Santos Guedes, que aparece como presidente e Alexandre Santos Guedes, como diretor. A terceira pessoa que consta do contrato social da Bridge Participações é Cleusa Centeno, também diretora. 

Há fortes indícios de que eles sejam apenas “laranjas”. Os três juntos têm participação em pelo menos outras oito empresas, que atuam em diversas áreas como construção civil, mineração, auditoria, contabilidade, investimentos, marketing e propaganda. Os endereços de residência que constam nos contratos sociais destas empresas mostram que Ricardo e Alexandre moram em conjuntos habitacionais de baixo padrão em Brasília e Cleusa mora em uma casa modesta na cidade de Canoas, no Rio Grande do Sul. 

Os irmãos sequer possuem carro registrado no nome deles e Cleusa tem um Gol 1999, um Fiat 2000 e outro Gol, de 2012, mas não é habilitada. A Polícia Federal não informou se abriu investigações sobre os donos da aeronave. 

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