Disputa pela Prefeitura de BH já tem ao menos 10 concorrentes

Lucas Simões
26/07/2019 às 18:39.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:43

(Lucas Prates)

A eleição é só em outubro de 2020, mas os partidos já se movimentam na disputa pela Prefeitura de BH. Ao menos dez candidatos devem disputar o cargo. Para tentar bater o favoritismo do atual prefeito Alexandre Kalil (PSD), que surfa em um mandato com 73% de aprovação, PSDB, PT, PSL e Partido Novo anunciaram candidaturas próprias. Entre outros adversários, nomes como o de João Vitor Xavier (Cidadania) e Duda Salabert (Sem Partido) ainda devem movimentar a disputa.
Em articulação acelerada, o prefeito Alexandre Kalil tenta atrair o máximo de apoios para formalizar uma coalização forte. Ao se filiar ao PSD, deixando o PHS — que não superou a cláusula de barreiras, ou seja, o percentual mínimo de parlamentares para continuar na ativa — o prefeito também assumiu a direção da legenda em Minas.Amira Hissa/PBHKalil mantém o favoritismo à reeleição

A aposta de Kalil é garantir o atual consultor de assuntos institucionais e ex-presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes (MDB), como vice em sua chapa. O apoio tem a intenção de selar uma coligação com partidos liderados pelo MDB, além de caciques importantes, como o senador Antonio Anastasia (PSDB), que avalia a saída do ninho tucano até o ano que vem. O próprio Kalil manifestou interesse em trazer Anastasia para o PSD, mas o senador ainda não se posicionou sobre a proposta.

O principal imbróglio para um acordo é a tentativa do PRB de atrair Adalclever para o partido. O convite veio do deputado estadual Mauro Tramonte (PRB), o mais votado do Estado, com 500 mil votos. Tramonte tem intenções de concorrer à prefeitura, mas depende da coali-zação que conseguir formatar até 2020. 

O presidente do PRB em Minas, deputado federal Gilberto Abramo, diz que é cedo para bater o martelo. “O Mauro tem um imenso potencial. É um carro-chefe do partido, claro. Mas não vamos nos antecipar”, avalia.

 Sarah Torres/ALMGDisputa pode ter nomes de peso ,como o de João Vitor Xavier

O deputado estadual João Vitor Xavier (Cidadania) deixou o PSDB recentemente por discordar de diversas posturas do partido, incluindo a aproximação dos tucanos com o governador Romeu Zema (Novo). 

Xavier assumiu a presidência do Cidadania no Estado e até o momento é um dos principais nomes para enfrentar Kalil. O deputado atraiu o apoio do Patriotas e do DEM, com afagos do senador Rodrigo Pacheco.

Nas últimas eleições, o Cidadania — ainda como PPS — fechou chapa com o candidato do PSDB, João Leite, ao indicar o vice, Ronaldo Gontijo, mas a dupla acabou derrotada por Kalil no segundo turno. 

João Vítor Xavier prefere evitar a palavra “favoritismo” até o início da campanha. “Nós vimos como muitos prefeitos eleitos perderam as últimas eleições. Campanha é outra coisa, não vamos nos precipitar”, diz Xavier.

Polarizados

Duas das principais forças políticas do Estado, com maioria dos deputados na Assembleia Legislativa, PT e PSDB anunciaram candidaturas próprias, mas terão dificuldades com os desgastes causados pela conjuntura política nacional. 

No núcleo petista, a prisão de Lula e o impeachment de Dilma Rousseff enfraqueceram as lideranças regionais. Dessa forma, o PT tem ventilado nomes como o dos deputados federais Rogério Correia, Reginaldo Lopes e da deputada estadual Beatriz Cerqueira. 

A presidente do partido em Minas, Cida de Jesus, diz que o PT tem condições de retomar as posições de poder. “As últimas eleições, de 2016, aconteceram justamente no maior momento de exposição injusta que o PT viveu ao longo de sua história. Isso enfraqueceu o partido. Mas a situação em 2020 será outra”, avalia Cida.

No PSDB, o desgaste dos principais caciques do partido, pautados pelos escândalos de corrupção envolvendo nomes como o deputado federal Aécio Neves, também complicam a situação da legenda. Buscando um frescor político distante das velhas figuras do partido, tucanos têm sondado nomes como o do deputado federal Eduardo Barbosa e da secretária-adjunta de Estado de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto. 

“O PSDB tem os melhores quadros, não temos preocupação com nome. Nesse processo de renovação do partido, que acontece em nível nacional, o que não faltam são bons nomes, homens e mulheres”, diz o deputado federal Paulo Abi-Ackel, presidente do PSDB em Minas.


SAIBA MAIS

Como alternativas aos partidos tradicionais, o PSL, do presidente Jair Bolsonaro, e o Partido Novo, que elegeu Romeu Zema como primeiro governador da legenda no Brasil, terão candidaturas próprias. Impulsionado pela vitória de Bolsonaro na Presidência, o PSL elegeu cinco deputados estaduais e seis deputados federais por Minas. O nome mais forte do partido no Estado, o ministro de Meio Ambiente Marcelo Álvaro Antônio, chegou a ser cotado para concorrer à PBH, mas perdeu força após virem à tona denúncias de um suposto esquema de uso de candidaturas laranjas no PSL de Minas, liderado por Álvaro Antonio. O atual presidente do PSL no Estado, Gustavo Graça, foi procurado, mas não respondeu à reportagem. Com três deputados estaduais e dois federais por Minas, o Novo iniciou um processo seletivo para escolher o candidato da legenda para a prefeitura. Mesmo com bom trânsito no partido, o vereador Mateus Simões, que coordenou a equipe de transição para o governo Zema, não pretende concorrer. “Um nome será escolhido, não vou me ausentar da Câmara. O partido chega forte pelo trabalho que o Zema está fazendo”, avalia Simões. Por fora, Duda Salabert, primeira candidata trans ao Senado, deixou o PSOL e tem sido sondada pelo PDT para encabeçar a candidatura do partido na cidade. Isso porque o ex-prefeito Marcio Lacerda, também cogitado pelo PDT, diz que não pretende disputar a Prefeitura.

  

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