Duplo atentado atinge a sede do Estado-Maior sírio

AFP
26/09/2012 às 11:58.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:35
 (AFP/LOUAI BESHARA)

(AFP/LOUAI BESHARA)

BEIRUTE - Duas violentas explosões atingiram nesta quarta-feira (26) a sede do Estado-Maior sírio, em Damasco, em um atentado reivindicado pelo Exército Sírio Livre (ESL), composto por desertores e civis que pegaram em armas.

Segundo a tv estatal síria, quatro guardas morreram e 14 militares e civis ficaram feridos no ataque realizado por dois camicases a bordo de dois carros.

"A investigação preliminar mostrou que as explosões terroristas perto e dentro da sede do Estado-Maior foram causadas por dois carros-bombas conduzidos por camicases", informou uma fonte militar.

O canal mostrou imagens de uma explosão diante do prédio e outra que aparentemente ocorreu no interior do edifício.

Neste contexto de violência, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) informou que mais de 30.000 pessoas morreram, em sua maioria civis, em 18 meses de conflito armado no país.

De acordo com esta ONG com sede na Grã-Bretanha, que se baseia em dados fornecidos por militantes e fontes médicos locais, 21.534 civis (armados e não armados), 7.322 soldados e 1.168 desertores morreram na repressão e bombardeios das forças do regime sírio e nos combates entre soldados e rebeldes.

O presidente do OSDH, Rami Abdel Rahmane, informou que esta cifra não inclui os milhares de desaparecidos nas prisões sírias.

Os combates desta quarta-feira começaram depois de ataque com bombas contra a sede, que fica dentro do perímetro de alta segurança em Damasco.

A princípio, o Exército sírio havia anunciado que não havia baixas entre os militares.

"Os grupos terroristas afiliados no exterior executaram nesta manhã um novo ato terrorista ao explodir um carro-bomba e uma bomba nas imediações do Estado-Maior. Todos os comandantes e oficiais militares estão sãos e salvos, nenhum ficou ferido", afirmou um comunicado oficial.

O regime não cita combates, apenas que os ataques foram acompanhados por tiros nos arredores da sede e nas ruas próximas.

Mais cedo, a televisão estatal síria informou que duas explosões foram registradas perto do edifício do Estado-Maior, o que provocou um incêndio.

De acordo com Rami Abdel Rahman, que citou fontes no local dos confrontos, uma das explosões citada pelo canal oficial aconteceu perto da Praça dos Omeias, no centro da cidade.

Também de acordo com o OSDH, pelo menos 16 pessoas, incluindo seis mulheres e três crianças, foram executadas em suas casas no bairro de Barzeh, zona norte de Damasco, por milicianos ligados ao regime de Bashar al-Assad.

Entre as vítimas estão um pai e os três filhos, uma mulher e seu filho, assim como um casal e a filha, segundo a Comissão Geral da Revolução Síria, uma rede de militantes.

Barzeh é um bairro sunita na zona norte de Damasco. Os milicianos do regime de Assad, conhecidos como "shabihas", são acusados de vários massacres desde o início da revolta na Síria, em março de 2011.

Analistas consideram que os "shabihas" são utilizados pelo regime, controlado por alauitas - uma ala do xiismo -, para que o governo se afaste dos atos de barbárie cometidos.

Este novo episódio de violência acontece no dia seguinte à inauguração da 67ª Assembleia Geral da ONU, em que o secretário-geral Ban Ki-moon classificou a situação na Síria como "uma calamidade regional com ramificações globais".

Ban pediu uma ação do Conselho de Segurança para pôr fim à violência.

"É uma ameaça grave e crescente para a paz e a segurança internacional, que exige a atenção do Conselho de Segurança", enfatizou, pedindo que este órgão "apoie de maneira sólida e concreta os esforços" do enviado da ONU e da Liga Árabe à Síria, Lakhdar Brahimi.

O caso sírio está bloqueado no Conselho de Segurança devido à oposição de China e Rússia, fiéis aliados do regime sírio, à aplicação de sanções contra Damasco. Estes países bloquearam resoluções neste sentido em três ocasiões.

"Devemos deter a violência e o fluxo de armas para os dois lados e por em andamento tão logo seja possível uma transição liderada por sírios", continuou Ban.

O presidente americano, Barack Obama, também falando na tribuna da ONU, não usou meias palavras para dizer que a solução para a Síria é a saída de Assad do poder.

"O futuro não deve pertencer a um ditador que massacra seu povo", afirmou Obama referindo-se ao dirigente sírio. "Aqui, reunidos, voltamos a declarar que o regime de Bashar Al-Assad deve chegar ao fim para que se detenha o sofrimento do povo sírio".

Obama fez um apelo à comunidade internacional para que atue para pôr fim à sangrenta guerra civil.

"Este é o caminho pelo qual trabalhamos: sanções e consequências para aqueles que perseguem; assistência e apoio para aqueles que trabalham pelo bem comum", acrescentou.

 

                                 

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