Duplo atentado suicida em dia de luto após ataque em universidade síria

AFP
16/01/2013 às 15:28.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:41

DAMASCO - Um duplo atentado suicida com carros-bomba matou nesta quarta-feira (16) 22 pessoas em Idleb, principal cidade do noroeste da Síria sob controle do Exército, em um dia em que as universidades do país ficaram fechadas em sinal de luto pela morte de 87 pessoas na Universidade de Aleppo na véspera.

No sudoeste de Damasco, o Exército tentava acabar com o domínio rebelde em Daraya.

Segundo a agência oficial Sana, "terroristas em missão suicida detonaram dois carros-bomba na cidade de Idleb (...) Segundo uma fonte do governo, o primeiro veículo, que explodiu na rotatória de Zeraa, e o segundo, no cruzamento de Motlaq, mataram 22 cidadãos e deixaram 30 feridos".

A Sana acrescentou que outros dois carros-bomba, conduzidos também por terroristas suicidas, tinham sido "destruídos na estrada que liga Idleb a Mastoumé, antes que matassem cidadãos e forças do regime".

A utilização de terroristas suicidas e a simultaneidade dos ataques lembram os métodos da Al-Qaeda no mundo e da Frente Al-Nusra na Síria. Esse grupo, que reivindicou a maior parte dos atentados suicidas na Síria, foi incluído em dezembro na lista americana de organizações terroristas estrangeiras.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) informou que 24 pessoas tinham sido mortas, soldados em sua maioria, na explosão de três carros-bomba conduzidos por suicidas, que tinham como alvos veículos militares perto da sede dos serviços de segurança política, no cruzamento de Motlaq, em Idleb.

De acordo com o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, "após a tomada da base de Taftanaz (no dia 11 de janeiro), Idleb é o próximo objetivo dos rebeldes".

Na terça-feira, 87 pessoas morreram e 150 ficaram feridas, segundo o OSDH, na Universidade de Aleppo (norte) em bombardeios não reivindicados. As universidades, em período de provas, fecharam suas portas nesta quarta em sinal de luto.

Regime e rebeldes trocam acusações pelo massacre. Para os Comitês Locais de Coordenação (LCC), que organizam a contestação no terreno, a aviação disparou dois mísseis: "O regime é responsável. É o único capaz de cometer massacres e destruições, mas a Universidade de Aleppo continuará sendo um símbolo do levante do povo sírio".

Aleppo, que durante muito tempo foi poupada da onda de contestação ao regime, registrou suas primeiras manifestações no campus da universidade.

Por outro lado, o comando geral do Exército acusou os rebeldes: "Em uma tentativa desesperada de esconder seu fracasso, os grupos terroristas cometeram um novo crime, disparando foguetes contra a Universidade de Aleppo a partir do (bairro) de Lairamoune (oeste), matando dezenas de estudantes e cidadãos inocentes".

As duas explosões atingiram a Faculdade de Arquitetura e a cidade universitária, onde vivem vários deslocados.

Segundo a televisão síria, em cartas ao Conselho de Segurança e ao secretário-geral da ONU, o Ministério das Relações Exteriores pediu que a comunidade internacional "denuncie o massacre terrorista". Ele também acusou alguns países "de praticar a política de dois pesos, duas medidas, apoiando o terrorismo na Síria e denunciando-a ao mesmo tempo".

Nas frentes de batalha, o Exército tentava tomar o controle da cidade rebelde de Daraya (no sudoeste de Damasco), onde fortes combates são travados há mais de dois meses.

"A intensidade dos bombardeios é incrível", afirmou à AFP pela internet, Abou Kinan, um militante anti-regime em Daraya.

"É o dia mais violento em dois meses e os confrontos são terríveis em Daraya", cidade de 200.000 habitantes, hoje quase deserta, afirmou Rami Abdel Rahman.

O irmão do presidente, encarregado da região de Damasco, coronel "Maher (al-Assad), deu ordens de acabar com Daraya mesmo que a cidade tenha que ser destruída", afirmou.

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