O expressivo crescimento de 11,59% em julho nas vendas dos supermercados em relação ao mesmo mês de 2012 se deve à fraca base de comparação, segundo Flávio Tayra, economista da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). No mês passado, o Índice Nacional de Vendas da Abras cresceu 3,45% frente junho, enquanto em 2012 houve uma queda de 0,51% na comparação mensal.
"No ano passado, o mês de julho foi o único que registrou variação negativa na comparação mensal, reduzindo o acumulado do ano para um patamar de 5,80%. Até aquele mês, o setor vinha apresentando crescimento acumulado no ano acima de 6%", lembrou o economista.
De acordo com ele, a desaceleração no ritmo de vendas acumulada foi impactada pelo menor ritmo de atividade e, principalmente, pela redução do impacto de aumento da renda, que foram maiores no primeiro semestre de 2012.
Em julho deste ano, na visão de Tayra, algumas regiões cresceram pouco acima da média nacional, em especial, no Sul do País. "Já há alguns meses a região vem apresentando um desempenho bom em função estabilidade econômica e melhor rendimento da classe média", avalia.
A Região Sul tem a segunda cesta de produtos mais cara do Brasil, atrás apenas do Norte. De acordo com AbrasMercado, cesta de 35 produtos de largo consumo, analisada pela GfK a pedido da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), no Sul o conjunto custou R$ 382,05 em julho, enquanto no Norte R$ 421,03. No Sudeste a cesta custa R$ 336,44, no Centro Oeste vale R$ 327,94 e no Nordeste R$ 306,96.
Perspectiva
Entre janeiro e julho, as vendas dos supermercadistas acumulam alta de 4,16% em relação a igual período de 2012. Esses índices já foram deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Até maio, o indicador acumulado estava positivo em 2,99%.
Apesar disso, a Abras manteve projeção de crescer 3,5% em relação ao ano passado, impulsionada principalmente pelas vendas do último trimestre. "Acreditamos que as vendas podem crescer ainda mais neste segundo semestre, pois contamos com um calendário de festas, que tradicionalmente beneficia o setor", afirma o presidente da Abras, Fernando Yamada.
Câmbio
O economista Flávio Tayra contou que no próximo mês a entidade deve fazer um levantamento sobre as encomendas de produtos importados. "A previsão do mercado de que o dólar vai se estabilizar em um patamar acima de R$ 2,40 até o final do ano deve contribuir para que os supermercadistas paguem mais pelos importados", disse, destacando, entretanto, que a participação de importados é pequena nos supermercados, representando cerca de 3% do setor.
Embora o economista não projete um grande impacto dos importados, a expectativa é de que o peso da valorização da moeda norte-americana frente o real sobre insumos da indústria afete produtos em geral. "É bem provável que veremos um aumento dos preços de massas, por exemplo, devido o aumento da cotação de grãos usados na produção desses itens", explicou.