O diagnóstico dos preços dos alimentos neste e no próximo mês não é dos mais animadores, avaliou o superintendente adjunto de Inflação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Dentro dos preços ao consumidor, ele aposta que a alimentação deve subir menos que a taxa de 1,71% observada no IGP-10 de abril. Mas "não muito menos". "Esse é mais um fator para explicar por que a desaceleração dos IGPs não será tão rápida assim. Tem influência do IPC, que ainda não concluiu os repasses da indústria alimentícia", disse.
Segundo Quadros, a tendência é de que hortaliças e legumes desacelerem em maio. Neste mês, a alta foi de 15,65%. Apesar disso, os produtos derivados devem continuar subindo, como leite, carnes e óleo de soja, repercutindo elevações observadas nos preços ao produtor.
À margem disto, o pão francês acelerou de -0,36% para 2,32%, refletindo a alta no preço do trigo. "Mas isso não tem relação com estiagem, até porque não temos safra de trigo nesta época. É uma ocorrência no mercado internacional", explicou Quadros.
O IPC ainda foi impulsionado por dois outros grupos: Vestuário (1,08%) e Saúde e cuidados pessoais (0,72%). No primeiro, a troca de coleção de roupas influenciou os preços mais caros. No segundo, a vigência da nova tabela para medicamentos foi o que fez o índice acelerar.
O Índice Nacional da Construção Civil (INCC), por sua vez, acelerou de 0,31% para 0,39%, puxado pelo reajuste salarial da categoria no Rio de Janeiro.
Taxa em 12 meses
Com a expectativa de que a alimentação não dará trégua na próxima apuração, Quadros prevê que a taxa em 12 meses seguirá em aceleração. Em abril, o acumulado ficou em 7,77%, mas deve passar de 8% em maio. "Em maio de 2013, o IGP-10 teve deflação. Repetir é altamente improvável. Produtos importantes ainda estão em aceleração, e até que isso se reverta, será preciso mais tempo", justificou.
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