Após a alta do preço da gasolina, o consumidor que pretendia optar pelo etanol não encontrará nas bombas um preço competitivo. Mesmo mais cara, a gasolina permanecerá como melhor alternativa. Segundo pesquisa realizada semanalmente pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), de janeiro à primeira semana de março, foi apurado um aumento de 2,1% no preço do álcool. No entanto, segundo o presidente do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Paulo Miranda, a elevação para o consumidor foi de pelo menos o dobro.
O reajuste de 6,6% no preço da gasolina, em vigor desde 30 de janeiro, culminou em uma alta do etanol, que está na entressafra, com as usinas operando com estoques. No ano, o preço subiu 11,26% para o produtor, segundo dados da Centro de Estudos Avançado em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), da Universidade de São Paulo (USP). Aos poucos o aumento percebido pelo produtor será repassado ao consumidor.
“Todo o aumento do produtor chegará as bombas. O congelamento de preços da gasolina forçou o represamento do preço do etanol. Infelizmente, para o etanol ser realmente competitivo, precisamos da isenção de PIS/Cofins e nova redução do ICMS”, disse Paulo Miranda.
A taxa de ICMS que incide sobre etanol em Minas caiu este ano de 23% para 19%, mas ainda seria insuficiente. Sobre o PIS/Confins, Paulo Miranda diz que o governo federal deverá conceder a isenção em abril.
O secretário-executivo interino da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, diz que para o produtor o preço atingiu seu teto e deve voltar a cair apenas em abril, quando se inicia a nova safra.
Na bomba, para ser competitivo, o álcool deve ter um preço de até 70% do valor da gasolina para compensar abastecer com o combustível. Paulo Miranda disse que hoje o preço está em 76% e ainda vai subir. De acordo com dados da Ticket Car, desde maio de 2011 que o etanol não atinge um preço que o coloque como melhor opção ao consumidor.
Paulo Miranda lembra que essa conjuntura desfavorável não é exclusiva de Minas, mas ocorre em todo o país. São Paulo, que tem grande produção e ICMS de 12%, também não consegue um preço atrativo para o etanol.