Cara, mas gorda

Alta dos preços dos produtos que integram a ceia de Natal não freia consumo em BH

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
Publicado em 17/12/2022 às 08:00.

Cesta de Natal está, em média, 10% mais cara: destaque para o bacalhau, que teve alta de 15,66% e o panetone de frutas cristalizadas (16,28%) (Maurício Vieira)

Helenice Aparecida é exemplo de consumidor que não abre mão de uma mesa completa para celebrar o Natal ao lado da família. Mas não nega: os preços estão mais caros do que no ano que passou. “Algumas coisas, como o bacalhau por exemplo, estão muito mais caras. Mas não tem jeito, a gente dá um jeito e compra. O importante é a festa”, garante.

E não é só impressão de Helenice. Os preços estão realmente mais caros. Segundo pesquisas realizadas pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), encher um carrinho com produtos natalinos está quase 10% mais salgado que no último ano. 

Segundo a Fipe, o preço dos produtos da Cesta de Natal mostra aumento de 8,53% em 2022, chegando a custar R$ 375,96. De acordo com a Abras, o preço médio de uma Cesta de Natal alcançou R$ 294,75, alta de 9,8% desde o ano passado.

Na pesquisa Fipe, que divulgou os dados de cada produto, o item que mais encareceu na comparação com o ano passado foi a uva, com alta de 49,15%, seguido da farofa (31,4%) e do morango (24,67%). O instituto informou que o maior peso no aumento das cestas veio do panetone de frutas cristalizadas (16,28%), seguido do peru (15,22%), palmito inteiro (14,79%), atum sólido (13,94%) e champagne (13,56%). Destaque também para o bacalhau com elevação de 15,66% e de 13,90% no chester.

Malu Duarte, que trabalha em uma banca da família no Mercado Central, conta que os preços subiram, mas que a alta não está atrapalhando as vendas. “Alguns produtos importados, como figo, estão até difíceis de encontrar e, quando chega, o preço é alto. Mas as vendas estão boas. Arrisco que é o melhor Natal desde a pandemia”, comemora.

Apesar das altas, alguns produtos tiveram queda de preços. Destaque para as carnes de boi e porco. Segundo a pesquisa,  o filé mignon caiu 13,57% e o pernil com osso teve 9,01% de redução. Na banca de Jailson Wallef, no Mercado Central de Belo Horizonte, o destaque principal foi a queda no preço das castanhas. “Já chegamos a vender castanhas a R$ 130, hoje está R$ 89 o quilo”, conta. 

Natal gordo
Apesar dos produtos estarem mais caros, os donos de supermercados não escondem o otimismo. A Abras perguntou aos supermercadistas sobre a expectativa deles para o Natal. Segundo o levantamento, 66% dos varejistas esperam que as vendas aumentem em relação ao ano passado.

O crescimento maior deve ser puxado, principalmente, pelo aumento no consumo das carnes natalinas (chester, peru e bacalhau, por exemplo), que devem ter uma expansão de vendas de 11,2%, e de bebidas, com alta prevista de 12,5%, de acordo com o levantamento da Abras. 

“A gente está começando a trabalhar às 7h e vai até 21h, sem parar, só repondo estoque. Cansa, mas compensa. A gente torce para que na semana que vem, véspera de Natal, a gente tenha que trabalhar ainda mais”, brinca o feirante Jailson Wallef.

A educadora financeira Aline Soaper, especialista em finanças pessoais, lembra que os dias que antecedem a ceia de Natal podem trazer aumentos e isso pode reduzir a fartura natalina dos consumidores de última hora. “Os preços altos podem representar uma queda nas compras de fim de ano dos brasileiros. Por isso, é importante se planejar financeiramente, fazer uma lista e evitar excessos. Mesmo com as altas dos preços, é possível fazer uma ceia boa e agradável, que esteja de acordo com o padrão financeiro que a família tem”, diz a especialista.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por