O emprego na indústria mineira se manteve estável em agosto, apesar do fraco desempenho do setor. No mês, o faturamento diminuiu 1,41% na comparação com julho. Na mesma comparação, o número de empregados caiu apenas 0,25%. O balanço foi divulgado na quarta-feira (9) pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) durante apresentação da pesquisa Indicadores Industriais.
De acordo com a economista da Fiemg, Annelise Fonseca, o emprego é uma variável que não oscila tanto quanto os índices de produção, massa salarial e faturamento. “O emprego é um dos últimos indicadores a apresentar queda. E os setores de vestuário e calçados já estão falando em contratações para o final do ano”, afirmou.
Contratações
O setor de couro e calçados foi o que puxou as contratações em agosto, com aumento de 5,21% no pessoal empregado em relação a julho. Conforme analisou Annelise, isso aconteceu em função da entrada em operação de novas unidades. Em segundo lugar está a indústria farmacêutica, com crescimento de 3,09% em função do início da vacinação contra febre aftosa.
Apesar do bom desempenho desses dois setores, o presidente do Conselho de Políticas Econômicas da Fiemg, Lincoln Gonçalves Fernandes, afirma que o carro-chefe para as contratações é o setor automotivo.
“O que podemos observar, no acumulado até agora, é que os setores que efetivamente são geradores de emprego são os de veículos automotores, máquinas e equipamentos e couros e calçados. Esses três é que estão empurrando as contratações da indústria em Minas Gerais. Apesar de couro e calçados ter tido acumulado do ano de 17,86% de crescimento e de veículos de alta de 10,92%, o primeiro tem mais rotatividade, e o segundo, mais estabilidade”, disse.
Massa salarial cresceu mais depressa do que o ritmo da produção
Ao contrário do mês de julho, agosto não registrou crescimento da massa salarial acima do de horas trabalhadas, o que indica queda na produtividade e que pode levar a demissões. No entanto, Lincoln Gonçalves afirma que a situação ainda é preocupante se for analisado o acumulado do ano.
“A produção está crescendo em ritmo mais lento do que a massa salarial. De janeiro a agosto de 2013, frente o mesmo período de 2012, a massa salarial cresceu 4,8% e as horas trabalhadas, 4,6%. No setor de vestuário, por exemplo, a massa salarial cresceu 11,2% e a produção, apenas 3,1%. Ou seja, o custo do trabalho continua subindo e encarecendo a produção”, disse.
Distorção
Gonçalves ressalta, no entanto, que essa diferença nem sempre leva a demissões. “Não estão previstas grandes demissões para este ano. No entanto, esse problema de custos de produção pode levar a isso, pois gera, a médio prazo, uma distorção que precisa ser corrigida. Existe a alternativa de se corrigir isso por meio de investimentos. Mas o governo teria que mudar as políticas de incentivo à indústria”, disse.