Passados 90 dias da posse, prefeitos de todo o Estado ainda não conseguiram colocar as administrações em ordem. A justificativa da maioria deles é quase a mesma: depararam-se com cidades quase falidas no início de mandato. O cenário se repete a cada quatro anos, quando os eleitos recebem as gestões de seus adversários.
Ainda no período de transição – que ocorre logo após o resultado das eleições e antecede a cerimônia de posse –, os eleitos já denunciavam a situação caótica encontrada nas prefeituras. Os exemplos de descaso são os mais variados possíveis. Muitos eleitos encontraram cidades com a coleta de lixo cortada, sem atendimento nos postos de saúde, com a frota municipal sucateada e com os salários dos servidores atrasados há meses.
Em alguns casos, os novos gestores, ao abrir os gabinetes, não encontraram documentos sobre obras ou licitações nem os balancetes (registro bimestral das receitas e despesas). Apesar da situação desoladora, os prefeitos eleitos acreditavam que teriam condições de colocar a “casa em ordem” nos primeiros meses de mandato. Porém, o que se constata hoje, apesar de uma pequena melhora em alguns casos, é que os problemas ainda são grandes.
Exemplo disso é Juiz de Fora, na Zona da Mata. Uma dívida de R$ 38 milhões herdada da gestão passada e falta de recursos para obras engessam os primeiros três meses da gestão de Bruno Siqueira (PMDB). Segundo o secretário de Administração, José Sóter de Figuerôa Neto, pelo menos R$13 milhões foram pagos. “A maior parte da dívida é com hospitais, clínicas de exames e fornecedores da área. Esses não podemos deixar de pagar porque a saúde é um serviço essencial. Com o restante, estamos negociando”.
O secretário diz que os R$25 milhões restantes serão pagos até 2016. Por conta da dívida, a gestão de Siqueira enfrenta cortes de telefone, dificuldade para pagar a folha e uma possível inviabilidade de realização de novas obras.
Mobilidade
A implantação de um conjunto de obras viárias, como pontes e viadutos, está comprometida. No ano passado, foi anunciada a certeza de que o município tinha R$28 milhões garantidos. No entanto, no caixa da prefeitura existe apenas R$8 milhões. Siqueira chegou a recorrer ao vice-presidente Michel Temer (PMDB) para tentar garantir os recursos com a inclusão do projeto no PAC.
Figuerôa garante que a prefeitura conseguiu R$ 138 milhões, que serão aplicados na despoluição do rio Paraibuna, na represa de Chapéu D’Uvas e na reestruturação das avenidas Getúlio Vargas e Francisco Bernardino.
“Encontramos a prefeitura em estado de penúria. Mas já conseguimos viabilizar muitas ações”, diz o secretário. (Com Renata Miranda, de Juiz de Fora)
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