A ArcelorMittal vai desativar o laminador 3 da companhia, que começou a operar há um mês, em João Monlevade, na Região Central do Estado, e tem capacidade para produzir 1,050 milhão de toneladas de aço anualmente. A empresa investiu US$ 275 milhões no equipamento, mas entende que as condições do mercado, com redução de consumo e ociosidade crescente, não justificam o ganho de capacidade no momento. “Vamos deixar um ou dois anos parados”, disse nesta terça-feira o CEO da ArcelorMittal Aços Longos Américas, Jefferson de Paula, durante o 26º Congresso Brasileiro do Aço, em São Paulo.

O executivo ainda afirmou que a empresa tem engatilhado um aporte de US$ 600 milhões em um novo alto-forno e uma nova aciaria para a unidade de João Monlevade, que aguarda melhoria nas condições de mercado. As previsões dele, porém, não são animadoras. “Somente daqui a 10 anos voltaremos ao patamar de consumo aparente de 2013”, observou.

A ociosidade no setor de aços longos, onde atua a ArcelorMittal, é gerada por dois fatores. O primeiro deles é a redução de demanda pelo seu principal cliente - a construção civil. Em 2014, o PIB deste segmento apresentou retração de 2,6% e a projeção é de queda de 10,1% este ano.

Outro fator é a entrada de novas capacidades de produção em um cenário de comercialização em trajetória de queda. Um processo iniciado em 2014 e que deve se encerrar em 2016 vai colocar no mercado brasileiro mais 3,2 milhões de capacidade de produção, o que elevará a ociosidade do setor. Estes aportes foram planejados entre 2009 e 2010, quando a a construção civil crescia a passos largos.

Com a entrada dessa nova capacidade, o mercado brasileiro de aços longos terá um consumo de 10 milhões de toneladas anuais e uma capacidade excedente 6,6 milhões de toneladas. Atualmente, a ArcelorMittal opera com 30% de ociosidade em seus altos-fornos. Além de João Monlevade, a a empresa também possui unidade em Juiz de Fora, na Zona da Mata.