Argentina: BC quer eliminar o dólar em transações

Equipe AE
06/10/2012 às 17:36.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:51

A presidente do Banco Central da Argentina, Mercedes Marco del Pont, reiterou em discurso na noite de sexta-feira a política do governo de eliminar o dólar como um meio de transação e poupança da economia do país sul-americano.

"Desdolarizar a economia é um desafio" e os argentinos "têm que poupar na moeda local como as pessoas fazem em outros lugares do mundo", afirmou ela. Por muito tempo, os argentinos enxergaram o dólar como um refúgio em momentos de incerteza econômica devido ao longo histórico do país de inflação elevada e desvalorizações periódicas.

Mercedes quer que eles economizem em pesos em meio a um cenário de uma das maiores taxas de inflação nas Américas. A inflação anual, que muitos economistas dizem estar em torno de 25%, minou a confiança no peso argentino e impulsionou a demanda por dólares. As taxas de juros que os bancos pagam sobre os depósitos estão bem abaixo da alta dos preços ao consumidor.

Dados do governo - que têm sido amplamente criticados por economistas e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) - colocam a inflação em 10% em agosto. A presidente Cristina Kirchner e seus ministros regularmente defendem a integridade dos números oficiais.

Economistas atribuem a inflação à afrouxada política fiscal e monetária, incluindo a crescente dependência de Kirchner do Banco Central como fonte de financiamento. Mercedes Marco del Pont afirmou que expandir a liquidez para financiar o governo nem sempre resulta no aumento dos preços.

Desde o fim de outubro do ano passado, o governo restringiu o acesso do público ao mercado de câmbio para impedir a fuga de capital que secou lentamente as reservas internacionais do BC argentino. Os controles cambiais reduziram a atividade econômica, especialmente no setor imobiliário, onde a maioria das transações eram feitas predominantemente em dólares.

As vendas de moradias na capital portenha no mês de agosto despencaram 35% na comparação anual. Agosto marcou a nona queda consecutiva na comparação anual e o declínio mais duradouro das vendas desde a crise financeira mundial de 2008/09, quando boa parte do mundo entrou em recessão. As informações são da Dow Jones.
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