Na ata do Copom divulgada nesta quinta-feira pelo Banco Central, a instituição vê um cenário melhor para a atividade econômica no Brasil. Prevê ainda inflação mais alta neste ano, principalmente por conta do choque nos preços agrícolas. Avalia, no entanto, que essa pressão será temporária e que, no médio prazo, a desaceleração da economia mundial continuará a contribuir para queda dos preços. Nesse ponto, o BC disse que a perspectiva é de baixo crescimento mundial por um período prolongado.
Para analistas, no documento, a instituição deixou aberta a possibilidade de ter encerrado o ciclo de corte de juros iniciado em 2011 ou promover uma redução de 0,25 ponto porcentual na reunião marcada para o início de outubro, menor que a redução de 0,50 ponto anunciada semana passada.
A diferença no comportamento da inflação no curto e médio prazos pode ser vista nas projeções do próprio BC. A previsão para 2012 subiu, enquanto a estimativa para 2013 ficou estável em relação à ata de julho. Nos dois casos, a instituição vê o índice de preços acima do centro da meta de 4,5%. O BC reafirmou que a inflação em 12 meses vai convergir do patamar atual de 5,24% para os 4,5%, mas disse que essa queda não será linear. Isso mostra, segundo alguns analistas, que a instituição está confortável e confiante.
Em vários trechos foi citado o choque de oferta recente nos preços agrícolas que impactaram a inflação, inclusive no Brasil. Mas o governo avaliou que esse choque será menos intenso e menos duradouro que aquele ocorrido entre 2010 e 2011 e que levou a inflação para 6,5% no final do ano passado.
Sobre a atividade, o BC disse que a recuperação da atividade econômica doméstica tem se materializado de forma gradual. Na ata anterior, a recuperação aparecia como "bastante gradual". Acrescenta ainda que trabalha com a hipótese de um ritmo de atividade mais intenso não apenas neste semestre, mas também no próximo ano. E atribui parte dessa tarefa aos incentivos fiscais concedidos pelo governo até agora e que chegarão a se estender até o final de 2013.
Embora não tenha citado a crise externa no comunicado da semana passada, quando reduziu a Selic para 7,50% ao ano, o BC voltou a falar na ata sobre a fragilidade do cenário internacional. A perspectiva é de baixo crescimento global por período prolongado, o que vai ajudar a reverter o choque preços nos alimentos. Por isso, segundo o BC, "apesar de manifestar viés inflacionário no curto prazo, o cenário internacional se mostra desinflacionário no médio prazo."
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