(Wesley Rodrigues/Hoje em Dia)
A necessidade de aprovação de crédito e a regularidade junto ao Fisco são os principais motivos para que as pequenas e médias empresas (PMEs) estejam buscando cada vez mais as auditorias contábeis, segundo especialistas. Apesar de a exigência legal ser apenas para as empresas de grande porte – aquelas cujo faturamento anual ultrapassa os R$ 300 milhões –, as auditorias são um facilitador para melhor controle dos ativos da organização. Para o auditor contábil e sócio da Baker Tilly Auditores Independentes, Gilberto Galinkin, a tendência é justificada por uma demanda do próprio mercado. “Ter as demonstrações examinadas por um auditor independente é um item muito forte para a análise de crédito”, explica. Além disso, a auditoria pode estar focada na correção de falhas dos processos operacionais ligados à atividade exercida pela empresa. Segundo Galinkin, é comum que as organizações de pequeno e médio porte sejam familiares e demandem padronizações para começarem a crescer com as contas em dia. Apesar de não haver estatísticas sobre a quantidade de empresas de pequeno e médio porte auditadas no Brasil atualmente, o número de auditores é crescente. Representante do Conselho Federal de Contabilidade, o auditor Rogério Rokembach explica que existem 368 pessoas jurídicas e 60 pessoas físicas inscritas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) como auditores. “Desse total, 95% trabalham para pequenas e médias empresas. Com a auditoria, uma série de dados são levantados e tem-se uma visão real da saúde contábil da empresa. Descobrir fraudes internas não é o objetivo principal dos levantamentos, mas, por meio deles, o empresário pode sim se deparar com esse tipo de situação”, comenta. O empresário Henrique Feitosa, proprietário de um buffet, garante que passar por auditorias contribuiu para o aumento da qualidade dos serviços prestados pela empresa. A auditoria foi contratada para que a empresa conseguisse um selo de qualidade lançado pelo sindicato da categoria, mas vários indicadores de melhoria foram apontados tanto para a parte de gestão quanto para a parte de produção. “Passamos a fazer visitas técnicas a fornecedores, algo que não fazíamos antes. Além disso, o rigor da auditoria trouxe a consciência sobre as necessidades do mercado. Isso mudou a relação da gestão com a equipe”, comenta Feitosa. O melhor aproveitamento dos recursos em caixa foi o grande benefício apontado pelo gerente de controladoria do grupo de mídia Jchebly, Jefferson Amaral. Após os levantamentos feitos pela auditoria, a empresa recuperou cerca de R$ 500 mil apenas com impostos pagos de forma indevida. O gerente comenta que a formalização de procedimentos propiciada pela auditoria influencia nas tomadas de decisão e contribui para redução de impostos, além de melhorar a aplicação de recursos financeiros. “Ao longo de um ano e meio, já economizamos cerca de R$ 1 milhão. Isso foi permitido com a reestruturação do grupo e a constituição de uma holding”, comenta Amaral. Negócios auditados entram no radar dos investidores internacionais Os balanços auditados também são um atrativo para investidores estrangeiros. Como a maioria das empresas brasileiras têm de pequeno ou médio porte, as possibilidades de atrair parceiros do exterior podem se tornar maiores se a empresa estiver auditada, conforme explica o vice-presidente do Conselho Regional de Contabilidade de Minas Gerais, Antônio de Pádua Soares Pelicarpo. “As pequenas e médias empresas de hoje serão as grandes do futuro. Esse mercado é imenso e os investidores internacionais sabem que há muito espaço para desenvolver negócios com empresas em crescimento. Hoje, 90% do mercado mundial é composto por pequenas e médias empresas”, comenta. Os fundos conhecidos como venture capital, destinados justamente a empresas de pequeno e médio porte com alto potencial de crescimento, também demandam a apresentação de balanços contábeis auditados. Para receber recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a auditoria também é necessária. “É uma tendência adotada por todas as empresas que buscam crescer. Não só pela credibilidade junto aos investidores e aos bancos, mas pela própria tranquilidade e segurança que os empresários querem ter”, completa Pelicarpo.