BRASÍLIA - A balança comercial brasileira, que mostra a diferença entre as importações e as exportações do país, apresentou superavit de US$ 164 milhões em março, queda de 92% frente ao mesmo período do ano passado e o pior resultado já verificado para o mês desde 2001.
O saldo positivo contrariou as expectativas do próprio governo que, no mês passado, sinalizou a possibilidade de deficit no mês, repetindo o desempenho de janeiro e fevereiro. Apesar do resultado de março, no acumulado do ano, o deficit chega a US$ 5,2 bilhões.
É um cenário bem diferente do vivido pelo país no ano passado: de janeiro a março de 2012, a balança registrou superavit de US$ 2,4 bilhões.
Os dados foram divulgados hoje pelo Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
O desempenho positivo de março foi resultado de importações de US$ 19,2 bilhões, alta de 12% frente a março de 2012, e de exportações de US$ 19,3 bilhões, aumento de 1,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em janeiro, o governo alertou que a balança comercial deveria apresentar deficit nos primeiros meses do ano.
A justificativa recai sobre um grande "estoque" de operações de importação de combustíveis feitas pela Petrobras no terceiro trimestre do ano passado, mas que não foram contabilizadas no saldo comercial de 2012.
Entre janeiro e fevereiro, houve o registro de US$ 2,5 bilhões em compras atrasadas da estatal, o equivalente a cerca da metade do estoque total da Petrobras previsto para entrar na conta da balança comercial este ano.
Em fevereiro, o saldo negativo da balança foi recorde para o mês ao atingir US$ 1,3 bilhão, considerando a série histórica iniciada em 1993. No mesmo mês de 2012, a balança ficou positiva em US$ 1,7 bilhão.
As importações chegaram a US$ 16,8 bilhões e as exportações atingiram US$ 15,5 bilhões, queda de 8,9% sobre o fevereiro do ano passado pela média diária.
As maiores quedas frente ao ano anterior vieram das vendas de manufaturados (-14,4%) e semimanufaturados (-17%). As vendas de básicos permaneceram praticamente estáveis, com leve retração de 0,1%.
Dentre os produtos que mais contribuíram para a queda das exportações estão: óleo de soja em bruto, ferro fundido, alumínio em bruto, ferro-ligas, óleos combustíveis, máquinas para terraplanagem e motores e geradores elétricos.
A balança comercial apresentou superavit de US$ 19,4 bilhões no ano passado, o resultado mais baixo desde 2002. Frente a 2011, a queda foi de 35% pela média diária -quando o superavit registrou recorde, ficando em US$ 29,7 bilhões.
O resultado da balança comercial vinha se mantendo positivo, sempre acima dos US$ 20 bilhões desde 2002, quando o superavit foi de US$ 13,2 bilhões.
As exportações em 2012 somaram US$ 242,6 bilhões, queda de 5,3% frente a 2011. As importações, por sua vez, caíram 1,4% de 2011 para 2012.
Até setembro do ano passado, o governo trabalhava com uma meta de US$ 264 bilhões para as exportações do país em 2012. Diante da perspectiva de que não seria possível cumpri-la, resolveu abandoná-la.
O governo apontou a crise mundial, a retração de mercados importantes e a multiplicação de barreiras comerciais no mundo como causas para o fraco desempenho da balança e a queda nas exportações.