Bancos da zona do euro devolverão grande parte de empréstimo do BCE a longo prazo

AFP
25/01/2013 às 18:08.
Atualizado em 21/11/2021 às 21:10
 (Daniel Roland/AFP)

(Daniel Roland/AFP)

FRANKFURT AM MAIN - Os bancos da zona do euro devolverão a partir de quarta-feira (23) mais de um quarto do primeiro empréstimo de longo prazo (LTRO) de quase 500 bilhões de euros outorgado pelo Banco Central Europeu (BCE) no ano passado em plena crise de liquidez, o que é considerado pelos analistas ou um passo precipitado ou um sinal do retorno da confiança.

O BCE anunciou nesta sexta-feira que 278 bancos da zona do euro devolverão antecipadamente, no dia 30 de janeiro, 137,16 bilhões de euros dos 468 bilhões de empréstimos a três anos, de dezembro de 2011. É mais do que esperavam os analistas, que projetavam um reembolso de 100 bilhões de euros.

A operação de dezembro de 2011, seguida por outra similar em fevereiro de 2012 em que 800 entidades se endividaram com o BCE em 529 bilhões de euros, tinha sido decidida pela instituição de Frankfurt para tentar remediar uma crise de confiança que ameaçava os bancos da zona do euro, incapazes de injetar liquidez no mercado interbancário, consequência direta da crise da dívida.

Ao emprestar aos bancos com esses prazos inéditos - até então o BCE só tinha emprestado no máximo a 13 meses - e taxas impossíveis de igualar, o BCE colocava nas mãos das entidades as ferramentas para desatar os nós da bolsa e emprestar mais às empresas e consumidores para sustentar o crescimento.

Este objetivo não foi totalmente alcançado, segundo reconheceu o presidente do BCE Mario Draghi.

Diante da melhoria substancial do mercado interbancário, muitos bancos disseram, nas últimas semanas, que queriam reembolsar de forma antecipada esta quantia, para mostrar que estão bem.

Algumas entidades não sabem o que fazer com este excesso de liquidez, já que é esperada a recuperação econômica da região.

O dinheiro estava parado nas contas do BCE na forma de depósitos diários que a instituição monetária de Frankfurt já não remunera desde julho de 2012.

O BCE não quer publicar o nome dos bancos e as quantias que cada um pediu, mas, segundo as estimativas dos economistas, os bancos espanhóis, italianos e franceses são os que mais recorreram aos LTRO, seguidos pelos alemães e os italianos.

"Os bancos, em particular nos países sólidos, têm interesse em reembolsar rapidamente a quantia, já que cada dia de reservas em excesso tem um custo", disseram Benjamin Schröder e Peggy Jägger, economistas do Commerzbank.

Para Jennifer McKeown de Capital Economics, este reembolso antecipado ameaça estigmatizar as entidades do sul, cujos países continuam em crise, se não puderem participar dele.

Além disso, isso "colocará em evidência a fragilidade da demanda na região e alimentará os temores de um BCE atrasado" em relação aos outros bancos centrais, segundo ela.

Christian Schulz, do banco Berenberg, vê no reembolso "um forte voto de confiança".

"Muitos desses fundos retornaram já que os bancos não precisam mais deles", escreveu, em particular graças ao anúncio do BCE em setembro de um novo programa de compra de dívida pública que contribuiu para tranquilizar os investidores.

Além disso, observou um banqueiro central, os bancos sempre têm a possibilidade de recorrer a outras ofertas de empréstimo do BCE, em operações a uma semana, um mês ou três meses.

Com um aumento da confiança na zona do euro, em particular na Alemanha, e um sistema financeiro mais sólido, a capacidade de resistência da região a eventuais sobressaltos futuros melhora, considerou Christian Schulz.

"Globalmente a situação é consideravelmente mais favorável do que era no ano passado", destacou Mario Draghi, presente na 43ª edição do Fórum Econômico Mundial (WEF) em Davos. O BCE prevê uma recuperação econômica no segundo semestre.

A partir de 30 de janeiro, os bancos poderão continuar reembolsando cada semana o primeiro LTRO. O segundo poderá começar a ser reembolsado a partir de 27 de fevereiro.

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