Belo Horizonte lucra meio bilhão de reais com a folia momesca

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
08/02/2015 às 07:22.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:56
 (Frederico Haikal/Hoje em Dia)

(Frederico Haikal/Hoje em Dia)

  Quando o Carnaval chegar pra valer, Belo Horizonte será invadida por uma multidão de foliões. Prefeitura e associações empresariais esperam que 1,5 milhão de pessoas coloquem o bloco na rua para celebrar a festa de Momo. E a previsão é a de que um terço desse exército de carnavalescos seja de forasteiros. Com disposição pra sambar e “dar um dinheiro aí”, essa turma deve desembolsar R$ 495 milhões durante o feriadão, considerando-se a estimativa de R$ 991 de gasto por turista em Minas, realizada pelo Ministério do Turismo.   Com mais de 200 blocos de rua, alguns com 30 mil pessoas, a capital também virou palco do Carnaval como um negócio lucrativo. O ritmo não é acelerado como do Rio de Janeiro, São Paulo ou Recife, mas suficiente para esquentar os tamborins e mexer com a economia local. Estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostra que a festa momesca impacta direta ou indiretamente 19 segmentos econômicos.    Na capital dos botecos, além dos bares, podem ser beneficiados desde setores tradicionais, como confecção de fantasias e adereços, até serviços de aluguel de banheiros químicos e comercialização de “pau de selfie” para autorretratos com smartphones. As projeções de crescimento no faturamento variam de 5% a 70% em relação a 2014.    Como no Brasil Carnaval é sinônimo de samba e cerveja, empresários correm para recarregar a bateria e o estoque de bebidas. “Muitos estabelecimentos nem abriam as portas. Há dois anos, aliás, manter a operação no Carnaval era sinônimo de prejuízo. Com muitos blocos na rua, belo-horizontinos ficando por aqui e menos gente viajando para o interior com medo da crise hídrica, acreditamos que vamos virar o jogo. Na média, apostamos em um incremento de 30% na receita”, diz o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em Minas, Fernando Júnior.       Para matar sede dos foliões, bares reforçam estoque de chope   Donos de bares e restaurantes localizados próximos ao circuito dos bloquinhos são só alegria. Nesses endereços, o presidente da Abrasel-MG, Fernando Júnior, arrisca que o faturamento cresça entre 60% e 70%. Ele mesmo tratou de antecipar a abertura da Red Meat, casa de espetinho com cortes especiais na rua Fernandes Tourinho. O investimento foi de R$ 100 mil. O empresário ainda espera um aumento entre 30% e 40% no Porcão, churrascaria comandada por ele.    No Godofrêdo, do músico e empresário Gabriel Guedes, o estoque de chope foi reforçado em 30%. Na trilha sonora, de marchinha a blues. “Cinco mil pessoas, em média, devem pular Carnaval em Santa Tereza em cada dia da folia. Vamos aproveitar pra festejar e lucrar”, brinca o filho de Beto Guedes.    Hotéis e agências de viagem também aguardam com ansiedade pelo abre-alas. Na indústria hoteleira, a expectativa é a de que a presença de foliões de outras regiões na capital aumente a taxa de ocupação, que anda baixa desde a inauguração de 34 hotéis construídos para a Copa do Mundo. “Acreditamos que a festa será um sucesso para a cidade, que ainda precisa se firmar como destino turístico. Porém, com mais concorrência, devemos chegar a uma taxa de ocupação de 55%, o que de certa forma é um alento”, diz a presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (Abih-MG), Patrícia Coutinho. Hoje, o índice está em 36%.    A Abih-MG firmou parceria inédita com a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav-MG) para oferecer pacotes do Carnaval em BH a partir de R$ 490, pago em até seis vezes, incluindo transfer de chegada e saída do aeroporto, city tour e hospedagem.    Na rede Promenade, a coordenadora de vendas em Minas, Thaísa Lima, está no clima da alegria. Com nove empreendimentos na Grande BH, o grupo baixou o preço da diária com café da manhã, durante o feriado, para R$ 150. “Já superamos a estimativa inicial e esperamos chegar a uma ocupação de 60%”, comemora.      Pau de selfie e fantasia do desenho Frozen são vedetes   Roupas bonitas mas próprias para o calor. Essa é a aposta da Encanto Fantasias, no Funcionários. “Odalisca, Cleópatra, índias e marinheiras estão entre as preferidas. O pessoal procura algo que seja confortável para brincar na rua”, diz a proprietária Marlene Alvim. O aluguel custa entre R$ 35 e R$ 330, caso da vampira e da pirata da linha luxo. Para a criançada, a casa só trabalha com vendas. Neste ano, as fantasias mais pedidas são as do desenho Frozen. Mas sereias e fadas também fazem sucesso. Os preços vão de R$ 90 a R$ 200.   “Com a falta de água nas cidades do interior, todo mundo vai ficar aqui. Além dos blocos de rua, a procura cresceu por foliões que vão participar de bailes”, afirma Mara Matos, dona da Mara Fantasias, em Lourdes. À escolha dos clientes estão peças entre R$ 47 e R$ 180. Adorno para cabeça e máscaras são campeões de venda.   Na 1001 Festas, as prateleiras foram recheadas com confetes, serpentinas, tinta de cabelo, espumas, taças de plástico e capacetes com suporte para cerveja nas laterais e canudo. “Esperamos um aumento de pelo menos 5% no faturamento”, diz João Lúcio, gerente da loja.   E como a nova mania é o pau de selfie, comerciantes comemoram o recorde de vendas do apetrecho. Com muito folião querendo sair bem na foto, a rede Tech Shop tem vendido no mínimo duas unidades por dia na loja da Savassi. Nas filiais do Centro e Minas Shopping, as vendas estão ainda melhores. “Tem sido um dos produtos mais procurados”, conta o gerente Anderson Luchese. O pau de selfie também caiu nas graças dos clientes da loja Power Cell, no quarteirão fechado da rua Antônio de Albuquerque.    Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Bruno Falci, a reinvenção do Carnaval da capital é bem-vinda. Mas é preciso que seja acompanhada de infraestrutura, com banheiros químicos e segurança reforçada. 

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