Tomate é um dos alimentos que pode aumentar de preço devido à falta de chuva e as queimadas que afetam Minas (Maurício Vieira)
Belo Horizonte liderou, mais uma vez, a alta da cesta básica entre as 12 capitais que registraram custo maior dos produtos em novembro. Os belo-horizontinos tiveram que desembolsar 4,68% a mais para levar os alimentos básicos para a mesa no mês passado. O índice é muito superior ao segundo colocado no ranking, que foi Florianópolis, com reajuste de 2,96%.
Se comparado a novembro de 2021, o resultado é ainda mais assustador para o consumidor mineiro: a cesta básica desse ano ficou 16,54% mais cara que a do mesmo mês do ano passado. O índice é mais que o dobro da inflação acumulada em 12 meses, de acordo com o IBGE, que indica IPCA de 6,47% até outubro.
Os dados integram a pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que mostra que o custo da cesta básica aumentou em 12 das 17 capitais avaliadas em novembro.
Apesar de a capital mineira apresentar o maior aumento, a cesta básica mais cara foi em São Paulo (R$ 782,68), seguida por Porto Alegre (R$ 781,52), Florianópolis (R$ 776,14), Rio de Janeiro (R$ 749,25) e Campo Grande (R$ 738,53). Em BH, o custo da cesta básica fiou em R$ 693,37 - quase 60% do valor do salário mínimo.
"O trabalhador come e não consegue fazer mais nada. E olha que a cesta básica não dá para o mês inteiro", afirma a economista Mafalda Valente, que diz que é preciso apelar para a criatividade para fazer o dinheiro render. "Nada de fazer compras do mês, precisa aproveitar as promoções dos supermercados, sempre pesquisando", orienta a professora das Faculdades Promove.
Além de BH e Florianópolis, São Paulo (2,69%) e Goiânia (2,03%) registraram as altas mais expressivas. Já as reduções ocorreram em Salvador (-2,12%), João Pessoa (-1,28%), Recife (-1,27%), Natal (-1,12%) e Aracaju (-0,69%).
Produtos
O peso maior para esse aumento da cesta básica na capital mineira veio do tomate e da batata. O primeiro sofreu alta de 27,86% no mês passado e o tubérculo ficou 16,75% mais caro. Uma das explicações seria a oferta menor por causa do fim dos tomates na safra de inverno e ao clima ameno e, no caso da batata, fim da colheita da safra de inverno e às chuvas no Sudoeste Paulista e no Sul de Minas Gerais. Em 12 meses, Belo Horizonte já acumula alta de 55,41% no preço da batata.
Para Mafalda, a "culpa" pelo aumento expressivo está além do valor da batata e do tomate. "O preço da cesta básica sofre influência de muitos fatores, como expectativa do mercado, política, mercado externo, combustível. E por isso é tão difícil fazermos uma previsão se esse movimento de alta vai continuar ou se teremos uma queda no próximo mês", afirma a professora.
Por outro lado, o feijão carioquinha ajudou a segurar a alta da cesta básica na capital mineira. Segundo o levantamento do Dieese, o valor do quilo do produto caiu 4,22%.
Salário
Se o custo sobe, o trabalhador precisa destinar uma fatia maior do salário para a compra dos alimentos. A pesquisa do Dieese indicou que, em novembro, o salário mínimo deveria ser de R$ 6.575,30, ou 5,43 vezes o mínimo de R$ 1.212,00, para manter uma família de quatro pessoas.
Em outubro, o valor necessário era de R$ 6.458,86 e correspondeu a 5,33 vezes o piso mínimo. Em novembro de 2021, o valor do mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 5.969,17, ou 5,43 vezes o valor vigente na época, de R$ 1.100,00.