(Luiz Costa/Hoje em Dia)
O anúncio, em meados de fevereiro, de que os Estados Unidos e a União Europeia iniciaram conversações para a formação do maior bloco econômico de livre comércio do mundo deixou evidente o risco de o Brasil se tornar uma economia isolada ou, no mínimo, fora dos principais eixos que ditarão os rumos e o equilíbrio da economia mundial nas próximas décadas.
Mesmo que o impacto da formação do novo bloco sobre a economia brasileira não se dê no curto prazo – especialistas preveem enormes dificuldades no estabelecimento de sinergias e na negociação de interesses conflitantes entre Estados Unidos e Europa)–, seu anúncio acende o alerta de que países isolados ou integrantes de blocos pouco atuantes perderão em competitividade.
Esse é o caso do Brasil, que mantém acordos com países poucos relevantes e participa do Mercosul, um bloco que não quebrou barreiras alfandegárias e é considerado por especialistas excessivamente protecionista.
Impacto em Minas
A economia de Minas Gerais, com uma pauta de exportações concentrada em minério de ferro e café, não deverá ser imediatamente prejudicada. “Talvez, algum impacto seja percebido no setor de máquinas e equipamentos, mas nada grave. Em relação às carnes bovinas e suínas, ainda é preciso saber se estes produtos entrarão no acordo”, disse o consultor em negócios internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Brito.
O ex-secretário de assuntos estratégicos da Presidência da República e presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, diplomata Luiz Augusto de Castro Neves, entende que o desafio do Brasil é se inserir nessa nova realidade.
“O Brasil precisa entender que competitividade passa por importar o que não é interessante produzir internamente, e não impor barreiras para entrada de produtos, como faz hoje. O país está confundindo competitividade com protecionismo”, afirmou.
O vice-presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil, Fábio Martins Faria, analisa que o Brasil perderá espaço no mercado internacional ao longo do tempo. “A inércia do governo em abrir mercado é preocupante. Estamos atrasados, e nos limitamos ao Mercosul, que é um bloco quase inativo”, observou