SÃO PAULO - Interrompendo uma sequência de quatro altas, o principal índice de ações da Bolsa brasileira, o Ibovespa, fechou nesta sexta-feira (19) em queda de 0,54% a 47.400 pontos. Apesar da queda, o índice acumulou ganho de 4,1% na semana -maior valorização semanal desde o período entre 10 e 14 de setembro de 2012, quando subiu 6,49%. Em 2013, porém, o Ibovespa cai 22,2%.
O índice acompanhou o clima negativo no mercado externo, diante de resultados de empresas que desapontaram o mercado. Além disso, os investidores aproveitaram o dia para vender papéis comprados por preços mais baratos, o que ajudou a Bolsa brasileira a cair, segundo operadores.
No câmbio, o dólar à vista -referência para as negociações no mercado financeiro- teve valorização de 0,26%, cotado em R$ 2,232 na venda. Na semana, a moeda americana caiu 1,57%. Já o dólar comercial -utilizado no comércio exterior -subiu 0,67% no dia, para R$ 2,240.
Dados mostrando desaceleração da inflação no Brasil não foram suficientes para amenizar a queda do Ibovespa hoje, assim como a elevação da perspectiva da nota de crédito dos Estados Unidos, que passou de negativa para estável na noite de ontem pela agência de classificação de risco Moody's. "Foi ajuste. O Ibovespa subiu 4,6% nos últimos quatro dias e o investidor aproveitou para realizar lucros", diz Elad Revi, analista-chefe da Spinelli Corretora. "O mesmo aconteceu nas Bolsas externas, que subiram na semana, mas estão caíram hoje", completa.
Segundo Revi, a desaceleração da inflação no país não foi suficiente para mudar o humor do mercado porque, no geral, o cenário da economia brasileira ainda sugere cautela. "O que o mercado precisa é de uma continuidade dessa tendência de indicadores positivos. E isso não temos visto. Um único indicador que venha positivo não vai mudar o cenário", avalia.
As ações das empresas de Eike Batista voltaram ao foco do mercado hoje após o empresário ter escrito um artigo publicado pelo jornal "Valor Econômico" em que diz ter se arrependido de ter entrado na Bolsa. No texto, Eike também alega que não teve a intenção de iludir investidores com suas empresas, citando que ele também perdeu bilhões de dólares em investimentos. "Não tem como mudar o passado, mas tem como mudar o futuro. Mesmo admitindo que errou no momento de lançar ações na Bolsa, Eike ainda se mostra otimista com seus negócios. O que eu posso dizer ao investidor que comprou os papéis anos atrás e ainda os têm é que espere. Vender as ações agora seria um prejuízo grande e a melhor saída que eu vejo e apostar em uma melhora gradual das companhias X. Vai levar tempo, mas pode acontecer", afirma Revi.
Os papéis da MMX (mineração) caíram 2,16%, para R$ 1,36, enquanto os da OGX (petróleo) fecharam estáveis em R$ 0,50. Já as ações da LLX (logística) avançaram 8,86%, para R$ 0,86, depois que a empresa informou estar negociando suas dívidas com o BNDES.
Rodovias
Os papéis de concessionárias de rodovias caíram hoje, após reportagem da Folha de S.Paulo ter revelado que empresas que exploram os pedágios paulistas tiveram um ganho indevido de R$ 2 bilhões até 2012, segundo a Artesp (agência estadual que regula as concessões de rodovias de São Paulo).
Os papéis da CCR Rodovias -responsável pelas empresas Autoban, SPVias, Renovias e ViaOeste- cederam 0,06% para R$ 17,29. As ações da Arteris -responsável pelas empresas Centrovias e Intervias- tiveram queda de 0,54% para R$ 20,29.