Bolsa fecha em alta puxada por setor siderúrgico; dólar vai a R$ 2,25

Folhapress
Publicado em 26/07/2013 às 19:14.Atualizado em 20/11/2021 às 20:25.

SÃO PAULO - Após ter atravessado um dia instável, o Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira, fechou em alta de 0,72% a 49.422 pontos influenciado pelo bom desempenho do setor de siderurgia. Na semana, o índice subiu 4,27%.

"A volatilidade da Bolsa brasileira hoje refletiu a cautela do mercado diante de importantes referências econômicas que acontecerão na próxima semana, como as reuniões dos bancos centrais dos EUA, Inglaterra e da zona do euro", diz Bruno Gonçalves, analista da WinTrade.

Para Hamilton Alves, estrategista do BB, o sobe e desce do Ibovespa deve continuar até quarta-feira da semana que vem, quando o banco central dos EUA poderá anunciar quando vai começar a reduzir seu programa de estímulo econômico através da recompra mensal de títulos públicos.

Isso porque parte dos US$ 85 bilhões injetados mensalmente pelo BC americano através de seu programa de estímulo acaba sendo direcionada a investimentos em países emergentes, como o Brasil. Um corte nesse montante, portanto, diminuiria a entrada de recursos no país, o que poderia desacelerar ainda mais o já fragilizado crescimento econômico brasileiro, segundo especialistas.

"Entre as pontuações mínima e máxima em julho, o Ibovespa oscilou dois pontos percentuais. Esse desempenho deixa claro a forte volatilidade do índice", enfatiza Alves. Até o momento, segundo o estrategista do BB, tudo indica que o Ibovespa vai fechar julho em alta -o que seria seu primeiro mês positivo no ano-, mas tudo depende do BC americano.

"Se ele disser na quarta-feira (31) que vai começar a cortar o estímulo já em setembro, o Ibovespa pode perder esse ganho de 3% acumulado em julho no último dia do mês", ressalta Alves.

Gonçalves, da WinTrade, se mantém cético em relação a uma retomada da Bolsa brasileira. "Mesmo que o Ibovespa tenha apresentado desempenho melhor recentemente, tendo subido 10 vezes nos últimos 14 dias, não acredito em uma recuperação sustentável da Bolsa brasileira, que cai em torno de 20% no ano", diz.

Segundo ele, a falta de crebilidade do governo brasileiro e suas medidas são o principal fator para a tendência negativa do Ibovespa. "Não estamos vendo a economia engatar, o alívio da inflação é pontual e a política fiscal do governo não é confiável".

"O governo tem que se preocupar em reduzir gastos em um momento em que a população clama por melhorias, o que demanda mais investimentos. Só haverá dedicação em solucionar os problemas econômicos do país no ano que vem, quando teremos eleições. Até lá, a Bolsa deve continuar sofrendo", completa.

Resultados

Os resultados das empresas ajudaram a guiar o desempenho do Ibovespa hoje. As ações preferenciais (mais negociadas e sem direito a voto) da Usiminas lideraram os ganhos do Ibovespa, subindo 15,24% para R$ 9. Em seguida, ficaram os papéis ordinários (com direito a voto) da empresa, com alta de 13,3% para R$ 9,03.

O avanço das ações da siderúrgica refletiu a notícia de que a Usiminas registrou prejuízo líquido de R$ 59,476 milhões no segundo trimestre deste ano, um recuo de 41,5% na comparação com o registrado no mesmo período de 2012.

Em sentido oposto, os papéis da Embraer caíram 5,71%, para R$ 19,80, depois que a fabricante de aeronaves divulgou que fechou o segundo trimestre deste ano com um inesperado prejuízo, sob efeito do dólar mais caro sobre ativos não monetários, como estoques, e de menores entregas de jatos comerciais.

Gonçalves, da WinTrade, mantém otimismo sobre a Embraer mesmo com a queda de hoje. "Temos que ver a empresa com bons olhos. A carteira de pedidos está repleta, ela tem se aproveitado da melhora da economia americana para vender jatos executivos aos EUA e, sendo exportadora, também se beneficia da alta do dólar", diz.

Dólar

No câmbio, o dólar à vista -referência para as negociações no mercado financeiro- fechou o dia com desvalorização de 0,44% em relação ao real, cotado em R$ 2,251 na venda. Com este desempenho, a moeda americana teve alta de 0,85% na semana.

O dólar comercial -utilizado no comércio exterior- subiu 0,75% no dia, também para R$ 2,256.

Nesta manhã, o Banco Central voltou a intervir no mercado de câmbio -na terceira intervenção da semana. O objetivo, segundo especialistas consultados pela Folha, é diminuir a volatilidade da moeda americana.

A autoridade realizou hoje um leilão de swap cambial tradicional, que equivale a venda de dólares no mercado futuro. Foram vendidos todos os 20 mil contratos oferecidos, com vencimento em 2 de janeiro de 2014, pelo valor de US$ 993,5 milhões.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por