Cadastro Positivo avança em ritmo lento

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
17/11/2013 às 08:28.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:12
 (Eugênio Moraes/ Hoje em Dia)

(Eugênio Moraes/ Hoje em Dia)

Registro de dados de bons pagadores, uma espécie de “lista suja” às avessas, o Cadastro Positivo ainda não deslanchou. Desde que foi implantado, em 1º agosto de 2013, com o início do compartilhamento de dados sobre o histórico de pagamentos em dia dos consumidores, a adesão tem sido baixíssima. São tão poucos interessados que o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), um dos maiores birôs de crédito, já reviu para baixo suas projeções. Em vez dos 40 milhões de inscritos até o fim de 2014, serão só 10 milhões, no máximo.   “É uma projeção mais realista”, admite o gerente financeiro do SPC Brasil, Flávio Borges, sem revelar, entretanto, o número atual de consumidores adeptos. “A prática de uso do cadastro para concessão de crédito não está disseminada”, emenda.   O desânimo nacional também é percebido entre os belo-horizontinos. Do dia 1º até a última quarta-feira, só 77 pessoas haviam se inscrito no SPC da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). “No lançamento, em agosto, foram 22 adesões. Em setembro, o número caiu para dez. Já em outubro, quando iniciamos uma campanha mais forte com as pessoas que vão ao CDL-BH, foram 37 inscrições. Como é um banco de dados novo, a divulgação é fundamental”, diz a advogada da entidade, Amaralina Queiroz.    Massa crítica   Sem massa crítica de adesão, a principal expectativa do Cadastro Positivo, que é a desburocratização no processo de avaliação e concessão de linhas de financiamentos, com redução das taxas de juros e flexibilização dos prazos para pagamento, ainda não saiu do papel.  “O cadastro permite o aperfeiçoamento do modelo de concessão de crédito. Será um sistema mais preciso para o lojista e mais justo para o consumidor. Mas somente depois de um volume significativo de adeptos e de um histórico relevante, com mais de um ano, é que poderemos ter juros mais baixos e mais acesso ao crédito por parte dos bons pagadores”, diz Flávio Borges.   Outra consequência esperada com o acesso de lojistas, bancos e financeiras aos dados de consumidores que quitam suas contas em dia é a redução dos índices de inadimplência e de superendividamento.    Em compasso de espera para a decolagem e eficácia do cadastro, o auxiliar de escritório Danilo Oliveira da Silva solicitou a adesão de seu nome à lista de bons pagadores neste mês. “Vi a divulgação na internet e achei legal. O sistema dará mais segurança a quem empresta e pode diminuir a ansiedade e a dificuldade do cliente para conseguir crédito. Conhecer um bom histórico pode abrir portas e facilitar as coisas”, acredita. A aposta de Danilo é conseguir juros mais magros no financiamento do seu primeiro carro.    Autorização prévia limita adesão   A experiência internacional mostra que o início da formação dos bancos de dados de crédito costuma ser lenta, principalmente em países que, como o Brasil, requerem a autorização prévia do cliente para a abertura do cadastro. Essa foi uma escolha da legislação brasileira. Outros países, como os Estados Unidos, optam por um sistema em que não é necessária autorização prévia. Por lá, o acesso a financiamentos subiu de 40% para 80%. Já na Coreia do Sul, a inadimplência das famílias passou de 10% para apenas 1% após a implantação de um sistema semelhante.   Quando a autorização prévia é necessária, o processo é mais demorado, pois os consumidores precisam entender as vantagens de autorizar o compartilhamento de seus históricos de crédito. O Brasil foi o último país do G20 e dos Brics a aprovar o cadastro positivo.    Leia mais na Edição Digital

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