Caminho do emprego traçado em sala de aula

30/07/2012 às 23:25.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:58

(LUCAS PRATES)

No ensino médio, jovens já se preparam para o primeiro emprego

Se capacitação é a palavra da vez no mercado de trabalho crescente do Brasil, motivado pela Copa de 2014 e pelo bom momento pelo qual o país passa, quase que à revelia da crise financeira que assola a Europa, investir e até mudar certos conceitos históricos da educação é fundamental para que a boa fase seja perene.

Segundo a coordenadora do curso de Gestão de RH do Centro Universitário UNA de Graduação Tecnológica Unatec,Patrícia Alvarenga, mais do que uma pessoa que saiba prestar o serviço, as empresas querem investir na carreira de um profissional que leve o nome da organização e quanto mais cedo isso começar, melhor. "Na década de 1970, as pessoas começavam a trabalhar com 14 anos. Iniciavam como office boy e cresciam dentro da organização; havia a criação de um vínculo", explica ela.

Patrícia explica que, atualmente, os jovens não se preocupam em fazer uma carreira; estão mais de olho em salário e mudam de emprego com facilidade. "Essa geração Y, nascida após 1990 e que está chegando ao mercado de trabalho agora acha que tem mais conhecimento do que quem está lá dentro há mais tempo. Não cria vínculo. É importante mostrar para o jovem que ele não pode pular de emprego em emprego. Em cada lugar ele tem que deixar as portas abertas", completa.

Mas, até chegar a essa possibilidade de escolha, o caminho traçado por quem quer um bom emprego é longo. E para alguns já pode começar no ensino médio. Na escola estadual Paschoal Comanducci, no bairro Jaqueline, região norte de Belo Horizonte, além das disciplinas regulares, os alunos optam por cursar uma de três áreas de empregabilidade: turismo, comunicação aplicada ou tecnologia da informação. O projeto Reinventado o Ensino Médio começou em 11 escolas do vetor norte de Belo Horizonte. Destinado ao ensino médio, do primeiro ao terceiro ano. Em 2012, começam com os alunos do primeiro ano. A partir de 2013, serão os alunos de primeiro e segundo. Em 2014, os alunos de primeiro, segundo e terceiro.

Segundo o diretor da escola, Ermelindo Martins Caetano, os cursos não são técnicos.O objetivo, segundo o diretor, é gerar competências e diminuir a evasão escolar. Ele diz que a inclusão das matérias aumentou de 2,5 mil para 3 mil horas/aula a carga horária dos alunos, ao longo de todo o ensino médio. Ermelindo conta ainda que os estudantes já visitaram jornais, aeroportos e museus para "conhecer o mercado de trabalho". Além disso, as disciplinas práticas também abrem oportunidade de estágio. "Os alunos tem currículo a cumprir, são os conteúdos práticos durante três anos. É sem remuneração, mas é um auxílio a encontrar estágios remunerados", analisa.

O "Reinventando" é um projeto piloto, aplicado inicialmente nessas 11 escolas estaduais da região norte de BH. Segundo o diretor Ermelindo, quando foi proposto, houve alguma resistência por parte dos educadores, mas ao ser colocado em prática "deu injeção de ânimo novo, de vontade de fazer".

O Governo do Estado pretende implantar o projeto em mais 120 escolas em Minas Gerais no ano que vem e em todo o estado até 2014, cada uma
oferecendo cursos de acordo com as potencialidades de cada região.

A estudante do primeiro ano da Paschoal Comanducci, Dafne Cristina Alves de Oliveira, de 14 anos, optou por cursar tecnologia da informação e diz que é bem diferente do que esperava. "Eu achava que ia ser mais fraco, mas ultrapassou as minhas expectativas", entusiasma se. A estudante pretende ser a primeira da família a entrar para a faculdade e cursar administração, incorporando tecnologia. Ela conta que quer começar um estágio o mais rápido possível.

"Eu queria começar a trabalhar antes de terminar a escola porque eu queria ter mais independência. Mas agora, eu pretendo me formar e terminar este curso", diz ela. A garota afirma que sabe que o mercado hoje está mais exigente e ela quer aproveitar as brechas deixadas por aqueles que não se esforçaram.

"Capacitação é o que mais se ouve hoje em dia. As pessoas não estão querendo estudar, por isso o mercado está decadente. É a oportunidade para quem quer estudar. Quanto mais eu investir nos estudos, melhor vai ser".

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