Cartão pré-pago cresce na esteira do consumo da Classe C

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
14/10/2014 às 07:48.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:36

(Frederico Haikal)

O bilionário mercado de plásticos pré-pagos deve movimentar, até o fim de 2014, R$ 100 bilhões no país, um crescimento estimado em 30% sobre o ano passado. No Brasil, 55 milhões de pessoas não possuem conta em banco, o equivalente a 40% da população acima de 15 anos. Os números mostram o potencial do cartão pré-pago no país, principal mercado na América Latina, de acordo com pesquisa encomendada pela Mastercard ao Boston Consulting Group (BCG).

“Segundo cálculos do Instituto DataPopular, esse grupo movimenta anualmente R$ 665 bilhões, embora esteja excluído do sistema financeiro nacional. O pré-pago visa atender às necessidades dessa população que está à margem do sistema financeiro, trazendo soluções mais baratas e eficientes para as necessidades do dia a dia”, diz Bernardo Faria, diretor executivo da Acesso Card, player de porte independente que atua com a bandeira Mastercard. Segundo ele, com o cartão pré-pago, o usuário tem total controle de suas despesas. Sabe exatamente onde, quando e quanto gastou. Além disso, conforme Faria, o cartão traz maior segurança, pois seu uso está protegido por uma senha.

“Se você perde dinheiro vivo, não há como recuperar. Mas com o pré-pago, se você perdeu o cartão, basta ligar para a Central de Atendimento e pedir uma segunda via. Seu dinheiro está protegido”, defende Faria.

Empregados domésticos e trabalhadores autônomos com dificuldade para comprovar renda estão entre o público-alvo do produto, afirma o diretor.

Ele ainda recomenda o uso do plástico pré-pago como caminho para a educação financeira de crianças e adolescentes. “É uma forma moderna de dar a mesada, estimulando a refletir e pensar como utilizar o seu dinheiro”, diz.

Para o diretor-executivo da Associação das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Ricardo Vieira, o cartão pré-pago fomenta a inclusão financeira, permitindo que a pessoa, mesmo que não tenha conta bancária, faça pagamentos e receba recursos de forma eletrônica, com agilidade e segurança. Para contratá-lo, não há necessidade de comprovação de renda.

“É um excelente instrumento de pagamento, tanto para quem está ingressando no sistema financeiro quanto para quem já é usuário de outros tipos de cartão. É por isso que tem se tornado tão popular”, diz.

São vários os pré-pagos disponíveis no mercado. No geral, esses cartões são recarregáveis e servem para quem não tem acesso a uma conta corrente – e por consequência, a cartões de débito e crédito. Também são úteis para aqueles que têm dificuldades para controlar suas finanças. Podem ser utilizados para recebimento e pagamento de salário, pagamento de pequenas despesas da casa, pagamento da mesada dos filhos, compras pela internet, entre outros.

Antes de adquirir um pré-pago, entretanto, é preciso atentar para as tarifas, como a cobrada pela emissão. Algumas empresas cobram mensalidade e saque, pois são usadas redes de outros bancos. Além disso, há empresas que taxam a recarga, enquanto outras têm um encargo de inatividade, cobrado se o cliente tiver saldo e não utilizar o cartão por determinado período de tempo.

Uso vai de pagamento de mesada a salário

Os pré-pagos têm mil e uma utilidades, diz o vice-presidente de desenvolvimento de novos negócios da MasterCard Brasil e Cone Sul, Alexandre Magnani. Segundo ele, são pelo menos quatro segmentos principais: o modelo de uso geral recarregável, cuja gama de utilização vai da mesada para os filhos e verbas para trabalhadores domésticos até pagamento de salários; carta-frete, muito utilizada por caminhoneiros; vales-presentes e incentivos corporativos; e cartões em moeda estrangeira para viagem.

“O crescimento desse instrumento é rápido justamente por suas inúmeras funções. O produto atende a todas as classes”, afirma Magnani.

Um dos pioneiros a lançar o plástico pré-pago, o Bonsucesso, que lançou o Meo Cartão há dois anos, alcançou a marca de 240 mil contas abertas na primeira semana de setembro. Destas, mais de 100 mil estão ativas, em uso.

“Para a classe C, é uma maneira de pertencer formalmente ao mundo dos meios eletrônicos de pagamento, sem precisar guardar dinheiro em casa, pedir cartão de parentes emprestado para comprar pela internet ou correr riscos por falta de controle dos gastos. Para as classes A e B, é um meio de pagamento seguro e prático”, afirma a diretora de Marketing do Bonsucesso, Aléxia Duffles.

Segundo ela, Meo é utilizado principalmente por homens (60%), na faixa etária de 25 a 40 anos e tem mais cadastrados no Estado de São Paulo (60%), seguido do Rio de Janeiro (20%) e Minas Gerais (10%). Os outros 10% são divididos entre outras regiões do país. Para adquirir o dinheiro de plástico pré-pago, o consumidor precisa fazer o cadastro no site http://www.meocartao.com.br. No mesmo instante, é enviado um cartão virtual, que já pode ser usado para compras na internet. Depois o cliente recebe o produto em casa. Para ativar, o cliente paga uma única vez o valor de R$ 14,90. Essa taxa inclui a primeira carga, uso no primeiro mês e o cartão virtual exclusivo para compras na internet e alertas de uso via SMS. O cliente deposita o valor desejado - no mínimo R$ 10 e no máximo R$ 5 mil por mês. 

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