Em meio a crise econômica enfrentada pela indústria e queda da demanda, 60% das indústrias extrativas e de transformação reduziram a mão de obra e o número de empregados nos últimos seis meses, segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ainda de acordo com a entidade, as demissões continuarão nos próximos seis meses.
Entre as medidas adotadas pelas empresas para enfrentar as dificuldades financeiras e a queda de produção, principais justificativas adotadas pelas empresas para as demissões, estão a redução de turnos, promoção do uso do banco de horas e não renovação dos contratos por prazo determinado e férias coletivas não programadas. Segundo a pesquisa, 36% das empresas entrevistadas afirmaram que pretendem reduzir o número de empregados, em grande parte através dos planos de demissão voluntária. "Um terço das empresas pretende adotar medidas que reduzam o uso da mão de obra, como diminuição de turnos ou adoção de férias coletivas", afirma o estudo.
O setor ressaltou ainda que o alto custo das demissões foi um dos motivos para evitar os cortes. Outra justificativa foi a preocupação com retenção de talentos.
Segundo o estudo, no setor de veículos automotores, 78% das indústrias adotaram medidas para reduzir funcionários e, nas indústrias que produzem outros equipamentos de transporte, como aviões, navios, reboques, 73% seguiram o mesmo caminho. Já o setor que menos cortou o número de empregados foi o de bebidas. Neste caso, 58% das empresas disseram que não reduziram o número de empregados.
A pesquisa mostra que metade das indústrias demitiu nos últimos seis meses. As empresas de médio porte foram as que mais reduziram o número de empregados, com 54%. Já as de grande porte, foram as menos atingidas, 48%. Nas pequenas, o porcentual foi de 49%.
"Os setores que mais demitiram foram aqueles que produzem bens de maior valor. Esses setores são os primeiros a serem atingidos pelo aumento dos juros e pelas restrições ao crédito", analisa o gerente-executivo da Unidade de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca. "As empresas foram fazendo ajustes à medida que a crise se intensificou", completou o economista.
Na última segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff assinou uma medida provisória que permite a redução da jornada de trabalho e dos salários dos empregados na indústria em até 30% em tempos de crise ou de queda expressiva de produção. Para o empregado, o salário será cortado em até 15%, já que haverá complementação do valor com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Segundo a medida, a redução temporária da jornada de trabalho poderá ter duração de até seis meses e poderá ser prorrogada, desde que o período total não ultrapasse 12 meses. O texto já está em vigor, mas ainda precisa passar pelo Congresso Nacional para não perder a validade.
A Sondagem Especial Emprego na Indústria foi feita entre os dias 1º e 15 de abril com 2.307 empresas. Dessas, 928 são pequenas, 835 são médias e 544 são de grande porte.
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