Casa mais cara

Com 'apagão' de imóveis novos em BH, setor já prepara alta para próximos lançamentos

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
Publicado em 22/02/2022 às 06:30.

Se as vendas de imóveis novos em Belo Horizonte e Nova Lima ocorrerem este ano no mesmo nível do registrado no ano passado – média de 441 unidades por mês –, o estoque de unidades disponíveis no mercado só é suficiente para atender a demanda até julho. É que, no momento, a capital mineira e a cidade vizinha só têm 2.285 imóveis novos em estoque. O número é inferior, por exemplo, ao estoque de Uberlândia (2.500), no Triângulo Mineiro, que tem em torno de 710 mil habitantes, enquanto BH possui 2,5 milhões. É ainda menos de um terço do estoque de Goiânia (8.900 unidades), capital com 1 milhão de habitantes a menos que BH.

(HD Arte)

O reflexo dessa escassez de apartamentos novos é que os próximos lançamentos virão mais caros, já impactados pela alta nos custos dos insumos e da construção em geral, como admite o setor. “O estoque em BH está baixíssimo. E essa baixa oferta vai refletir nos preços”, sinalizou a economista do Sinduscon-MG(Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais), Ieda Vasconcelos.

Segundo o Sinduscon-MG, uma das razões das próximas altas é o aumento no CUB/m² (Custo Unitário Básico por Metro Quadrado, que mede o custo da construção. Em janeiro, a elevação foi de 4,74%, na maior alta para o mês desde 1995. Em 2021, o indicador teve aumento de 17,45%. 

A situação crítica dos estoques, combinada com o aumento dos custos, impactou principalmente na oferta de imóveis mais baratos. Segundo o Sinduscon-MG, o lançamento de imóveis do padrão econômico, que custam até R$236 mil, recuou 38,6% no ano passado em relação a 2020, enquanto os de padrão standard (R$ 236 mil a R$ 500 mil) aumentaram 263,5 %. Foi a primeira vez que os lançamentos do padrão standard superaram o observado no padrão econômico, conforme o Censo do Mercado Imobiliário, realizado pela Brain Consultoria.

Isso ocorreu, de acordo com o Sinduscon-MG, porque, com a alta nos custos da construção, erguer moradias no padrão econômico se torna desvantajoso. “Hoje é impossível produzir um imóvel com o mesmo valor que se produzia há dois anos, e se tornou muito difícil produzir imóveis para o padrão econômico”, argumenta a economista Ieda Vasconcelos.

Como reforça o Sinduscon-MG, a queda na construção de imóveis econômicos está relacionada com o custo de produção, e não com a demanda, que continua forte. “Apesar dos lançamentos de apartamentos com padrão standard terem se destacado em 2021, foram as vendas do padrão econômico que continuaram dominando a comercialização de imóveis na capital mineira”, disse o presidente do Sinduscon-MG, Renato Michel.

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