ECONOMIA

Comércio e indústria temem impactos da alta da Selic e defendem corte de gastos públicos

Copom aumentou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano

Do HOJE EM DIA
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Publicado em 29/01/2025 às 21:29.Atualizado em 29/01/2025 às 21:30.

Anunciado pelo Banco Central nesta quarta-feira (29), o aumento da taxa Selic para 13,25% ao ano, após alta de um ponto percentual, não soou bem ao setor de comércio e serviços e à indústria. Os segmentos manifestaram preocupação com os impactos da medida e cobram do governo alternativas para conter a inflação que não passem pela elevação da taxa de juros e o corte de gastos públicos.

Para a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), o quarto reajuste consecutivo pode inibir o consumo além do necessário.

“Entendemos que essa estratégia é para coibir a inflação, já que, no momento, temos um mercado de consumo aquecido pelo pleno emprego e resiliência das atividades econômicas. O receio é que esse freio ao consumo seja além da conta e prejudique o comércio, maior gerador de empregos da cidade”, avalia o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.

Segundo o dirigente, a previsão de juros mais altos por mais tempo, já anunciada pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, deixa o setor em alerta.

“A Selic chega em seu maior patamar desde 2023. Estimam ainda que, em 2025, chegue a 15%. A ampliação do período de aumentos pode impactar o comércio, já que o reajuste pesa no bolso do consumidor, reduz o acesso ao crédito e limita o consumo. O ideal é que o governo encontre alternativas para conter o cenário inflacionário sem prejudicar um setor que, somente agora, apresenta sinais de recuperação pós-pandemia”, sugere.

“É imprescindível que o governo equilibre as contas e gaste menos que arrecada. Esperamos que o anúncio do corte de gastos, previsto para o início de fevereiro, realmente aponte reduções significativas e mostre que o governo está focado neste problema fiscal”.

Mesma linha de raciocínio do presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, que reforça a necessidade de uma política fiscal alinhada à política monetária. “É essencial implementar medidas que não apenas mantenham a inflação sob controle, mas também contenham os gastos públicos, preservem o ambiente de negócios, estimulem investimentos produtivos e promovam o crescimento econômico de maneira sustentável”.

Para Roscoe, “a elevação da Selic a níveis tão altos tende a restringir os investimentos produtivos, aumentar os custos de produção e reduzir a competitividade da indústria brasileira e mineira, especialmente em um contexto em que o ‘custo Brasil’ já é excessivamente alto, com gargalos logísticos, carga tributária elevada e crédito caro”.

Além disso, avalia que essa medida pode agravar uma já esperada desaceleração econômica, prejudicando a geração de empregos, a renda das famílias e a própria arrecadação do governo.

Num tom mais duro, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou “injustificado” o aumento na Selic, classificando-o como “mais um movimento da política monetária que ocorre em consequência da longa cultura de juros reais elevados que persiste no Brasil”.

“Com a decisão, o Banco Central mostra que persiste em uma única ferramenta de política monetária - a elevação dos juros -, no enfrentamento de expectativas de inflação. Não considera, no entanto, os efeitos impactantes dos juros e a taxa de câmbio na própria inflação. O comprometimento com o equilíbrio fiscal e com a racionalidade dos gastos públicos precisam ser exercidos e cobrados por todos”, informou a CNI, em nota.

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