Concentração de mercado segura queda de juros do cartão de crédito

Paulo Paiva - Do Hoje em Dia
24/07/2012 às 08:38.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:47
 (FLÁVIO TAVARES)

(FLÁVIO TAVARES)

Mercado fortemente concentrado e ganância dos bancos. Estes são os fatores que, segundo analistas, explicam o fato de as taxas de juros cobrados no cartão de crédito para pessoa física no Brasil serem as maiores da América Latina, conforme levantamento divulgado na semana passada pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (ProTeste).

Segundo a pesquisa, o brasileiro que efetua parte do pagamento da fatura (crédito rotativo) paga uma taxa média de 323,14% ao ano – quase seis vezes maior que o segundo colocado, o Peru, onde a taxa média anual é 55%. Em janeiro, a taxa média era de 237,9%.

“Há um duopólio no Brasil. Visa e Mastercard dominam 90% do mercado.

Então, não há concorrência”, diz Miguel de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). “Quando o consumidor abre uma conta, o banco oferece cartão de crédito. O consumidor aceita e não troca mais, já que conta e cartão estão vinculados”, completa. Como o Banco Central não fiscaliza o setor (o BC estabelece apenas a nomenclatura das tarifas) e cabe aos bancos estabelecer os juros, o cerco se fecha. “E os juros não caem devido à concentração”, reforça Oliveira.

A ganância do setor bancário no país aparece em outro indicador: no Brasil, a rentabilidade sobre patrimônio líquido (que mede a saúde dos bancos) fica, na média, em 20%. Já chegou a 42% em alguns casos. No mundo, percentuais entre 8% e 10% já são considerados bons e saudáveis.

Os bancos alegam que a alta da inadimplência dos consumidores(cresceu 19% no primeiro semestre para pessoa física na comparação com igual período do ano passado)teria forçado o aumento dos juros. “Mas aí temos o cachorro correndo atrás do rabo: os juros cresceram porquê a inadimplência cresceu ou a inadimplência aumentou devido à alta dos juros?”, questiona o analista de finanças e professor Paulo Vieira.

A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) se defende mostrando que, hoje, 71% das contas a receber em cartões no Brasil são de operações sem juros. “Das 29% que possuem juros, menos da metade corresponde ao crédito rotativo, que possui taxa de dois dígitos e representa apenas 2,2% do volume total de crédito à pessoa física”, frisou em nota.

Além de Visa e Mastercard, também estão presentes no mercado nacional a Amex, Diners, Hipercard e Elo.

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