Confeiteiras esperam Páscoa mais 'enxuta' em BH este ano
A confeiteira Alice Batisteli, dona de ateliê no Barreiro, em BH (Arquivo Pessoal)
Em um cenário econômico dominado pela queda do poder aquisitivo da população e a alta generalizada nos preços, o setor de confeitaria em Belo Horizonte e região vive um misto de otimismo e apreensão em relação ao desempenho das vendas para a Páscoa deste ano, a ser comemorada no próximo dia 17. “Neste ano preparei um estoque para vender 25% a mais, mas está muito complicado, as encomendas estão chegando devagar”, diz a microempreendedora Alice Batisteli, dona do ateliê de chocolates de mesmo nome na região do Barreiro, em Belo Horizonte.
Alice faz parte de um segmento de microempreendedores individuais que cresceu bastante nos últimos três anos, o de fabricação de produtos derivados do cacau e chocolates. Segundo levantamento feito pelo Sebrae, a partir de dados do CNAE, do Ministério da Economia, o número de novos negócios nessa atividade foi de 57% em 2021, em comparação com 2019.
Apesar da apreensão dos empresários quanto às vendas este ano, dados obtidos pelo Sebrae mostram que o setor de chocolates está aquecido desde o início da pandemia. Enquanto em 2019, ano anterior à crise, foram abertas 1.526 pequenas empresas, no ano passado esse número saltou para 2.397 novos pequenos empreendimentos, a maioria deles (2.319) constituída por microempreendedores individuais (MEI).
A analista de Competitividade do Sebrae, Mayra Viana, avalia que esses números são resultado das características do setor. “Por um lado, temos um contingente de empreendedores que normalmente elaboram produtos – ovos, bombons – a partir da barra de chocolate comprada pronta, em sua própria casa, sem grande necessidade de máquinas e equipamentos. Aqui, estão incluídos também os doceiros ocasionais, que buscam uma renda extra em determinadas épocas do ano, como a Páscoa”, comenta Mayra.
Segundo ela, os empresários que mais se destacam nesse ramo são aqueles com produtos criativos, personalizados, que mantém uma boa comunicação com os clientes e apresentam custo-benefício adequado.
É o caso da microempreendedora Thais Mello, proprietária da Mello Cakes, no bairro Guanabara, em Betim. “Aqui na região, as pessoas têm entre 2 e 3 filhos e estão optando por um produto mais em conta para dar pelo menos uma lembrancinha para todos. Mas elas fazem orçamento e não fecham; pedem para pensar mais um pouco”, conta.
Varejo
No varejo tradicional, a projeção é de uma Páscoa um pouco melhor do que a do ano passado. Pelo menos é o que aponta pesquisa realizada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). O levantamento projeta um faturamento de R$ 2,16 bilhões para a data deste ano, um aumento de 1,9%, em comparação a 2021.
No Shopping Del Rey, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, a expectativa é alta e motivada, principalmente, pela volta da circulação dos clientes, mas com a expertise adquirida durante dois anos de medidas mais restritivas devido à Covid-19.
“A ideia de corredores cheios e a disputa por produtos já não cabe mais neste pós-pandemia. Percebemos que muitas pessoas estão mais efetivas na visita ao shopping – já chegam sabendo o que precisam e onde encontrar –, enquanto outras se apaixonaram pela comodidade do online, principalmente, em datas comemorativas, período de grande fluxo no mall’, conta Juliana Trindade, gerente de marketing do shopping.
O centro de compras aposta inclusive em uma estratégia lúdica para atrair cliente até as lojas. “Vestimos o shopping com ‘patinhas de coelho’ indicando as lojas especializadas e teremos uma promoção especial em nosso serviço de compras por whatsApp com frete grátis, até o dia 9, nos pedidos acima de R$ 100, que incluírem presentes de Páscoa”, relata.
Franqueado da Kopenhagen no shopping, Alexandre Pinheiro, projeta boas vendas. “Estamos otimistas e com perspectiva de crescimento em relação aos dois últimos anos. Apostamos em um mix de produtos variados, que atende todos os gostos, e estamos com o estoque preparado para atender o consumidor”, diz.
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