A cidade de Contagem está de portas abertas para a indústria da defesa. O município quer atrair para seu complexo industrial fabricantes de peças, equipamentos e tecnologia voltados para atividades militares. Com esse objetivo, foi realizado, nessa sexta-feira (22), um seminário que reuniu autoridades do exército, marinha e aeronáutica com empresários do setor de autopeças, logística, metalmecânica e eletro com objetivo de debater projetos estratégicos para a demanda dos próximos anos.   Para Carlin Moura, prefeito de Contagem, a estrutura industrial já consolidada é um diferencial competitivo para o município, que tem expectativa de receber várias empresas do setor.   “Estamos muito otimistas com o projeto estratégico de defesa do país, que tem projeção de investimentos de R$ 100 bilhões para os próximos anos. Nosso foco é preparar Contagem para disputar uma fatia desse mercado”, afirma.   O general Luiz Felipe Linhares, chefe do Escritório de Projetos do Exército (EPEx), aprovou o portfólio de empresas já instaladas na região e ressaltou que o seminário é um ótimo ponto de partida.   “Percebemos que vários projetos para os quais teríamos que buscar soluções no exterior conseguem ser resolvidos aqui. Esperamos com isso minimizar os custos atuais com equipamentos e ainda contribuir para a melhoria da economia local”, disse.     Estratégia aprovada   Empresas que já estão instaladas no parque industrial da cidade também estão otimistas. Marcos Rocha, gerente de Marketing e Produto da New Holland Construction, comenta que apesar das relações comerciais já estabelecidas com o Exército Brasileiro, a empresa busca novas oportunidades.    “Já oferecemos aos militares tratores de esteiras, retroescavadeiras, motoniveladoras e produtos da nossa linha que só demandam uma pintura camuflada para serem utilizados pelo exército. Desde 2005, temos esse relacionamento e, com essa iniciativa, o contato pode se tornar maior”, completa Rocha.    Para João Marcelo Ratis, diretor de desenvolvimento da Seva Engenharia, um mercado nobre será atraído para a região.    “A indústria de defesa investe muito em pesquisa e inovação. Esse projeto de expansão abre excelentes perspectivas para que empresas de tecnologia tragam novas possibilidades para a indústria local”, avalia.      Guarani é exemplo de parceria bem-sucedida   Parcerias de empresas da região metropolitana de Belo Horizonte com o Exército Brasileiro já renderam projetos bem sucedidos. É o caso do VBTP-MR Guarani, veículo de guerra blindado, produzido pela Iveco, numa unidade de Veículos de Defesa da fábrica de Sete Lagoas.   O veículo conta com sistema de GPS, além de ar condicionado e um mecanismo para detecção e extinção de incêndio.    Para Giovanni D’Ambrosio, diretor industrial da multinacional em Sete Lagoas, o projeto é um marco que coloca o país em posição de destaque internacional.    “Acreditamos que essa região nos dá oportunidades muito boas de expandir nossos negócios”, comenta.    “Na área de defesa é preciso antecipar as necessidades do cliente, saber propor soluções técnicas adequadas. Nós investimos muito em desenvolvimento, estamos prontos para essa expansão industrial e já pensamos em novas versões da família Guarani”, adianta.    Outra novidade apresentada no seminário foi a pá-carregadeira 12D, fabricada pela New Holland Construction. Apesar de não ser produzida com finalidade exclusivamente militar, a máquina também está na lista de produtos fornecidos pela empresa ao Exército Brasileiro. Ao todo, a companhia já forneceu às Forças Armadas mais de 100 produtos, entre escavadeiras e tratores.   Já instaladas no parque industrial de Contagem, empresas como a GE, fabricante de materiais médico-hospitalares, a Magneti Marelli, fabricante de componentes para o setor automotivo, a Telecon Sat, empresa de tecnologia digital, a Himoinsa, fabricante de geradores de energia e a Arteq, fabricante de tubos e artefatos de concreto, também demonstraram interesse em participar da estratégia de expansão do parque industrial.    Hoje, a cidade de Contagem tem PIB industrial de R$ 18 bilhões por ano, o terceiro maior do Estado. De acordo com a prefeitura, o município tem projetos para desenvolver, ainda, polos de tecnologia da informação, fármacos, polímeros, logística, além de biotecnologia e nanotecnologia. 

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