Copa aplica cartão vermelho no comércio de BH

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
13/06/2014 às 09:04.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:59

(Wesley Rodrigues/Hoje em Dia)

A abertura da Copa do Mundo aplicou um cartão vermelho no comércio de Belo Horizonte, no Dia dos Namorados. Na última quinta-feira (12), as lojas de rua da cidade registraram pouco movimento pela manhã e quase nenhum na parte da tarde; muitas nem abriram as portas. A data é considerada a terceira melhor do calendário do varejo, atrás apenas do Natal e do Dia das Mães.

Para os lojistas, a combinação do jogo de estreia do Brasil com a inflação em alta e as restrições ao crédito foram um impedimento para as vendas.

Na região da Savassi, o movimento foi fraco nos estabelecimentos e a situação foi agravada pelo fechamento dos quarteirões da praça Diogo de Vasconcelos, onde foi montado um palco para exibição da partida contra a Croácia, além de barracas de bebidas, alimentos e artesanato.


“Na última quinta-feira (12) era para ser um dia de funcionamento até mais tarde, mas, ao contrário disso, vamos fechar mais cedo por causa desse evento. Perder cinco, seis horas de vendas é muita coisa”, disse a gerente da loja de calçados femininos Fiki Pize, Regina Célia.

Na loja de roupas e acessórios Espaço LZ, a aposta foi nos produtos temáticos do Mundial, mas o resultado decepcionou. Segundo a funcionária Natália Telles, não houve alteração no movimento nos últimos dias.

“Achamos que a Copa ia levantar as vendas de itens verde e amarelo, mas isso não aconteceu. Estamos em um ritmo normal, como se não houvesse uma data comemorativa”, afirmou Natália.

Contraponto

Já nos shopping centers, nada de zero a zero. A concentração de clientes na véspera do Dia dos Namorados compensou a redução no funcionamento das lojas na última quinta-feira (12).

“O mercado estava apreensivo, por causa da Copa, mas como a data é importante para o comércio, unimos as duas coisas e o movimento foi muito bom”, afirmou a gerente de Marketing do Viashopping, Ana Flávia Salles.

No Shopping Cidade, a expectativa é de que ainda haja um rescaldo nesta sexta-feira (13), com vendas para os namorados atrasados e trocas de presentes. “Depois de passar a abertura, todo mundo vai estar feliz. Quem emendou a folga, esqueceu de comprar o presente ou vier trocar produtos acaba comprando mais. Nossa expectativa é boa”, disse a coordenadora de Marketing, Tânia Souza.


No BH Shopping, o placar também foi favorável aos lojistas. “Nosso termômetro é o número de sacolas nas mãos, então, acreditamos que batemos a meta de vendas”, disse o gerente de Marketing, Renato Tavares.

Para a também gerente de Marketing do DiamondMall, Flávia Louzada, o aumento de 4% no fluxo de visitantes no último dia 11 sinaliza o bom desempenho do mall. “A nossa percepção é de que foi muito positivo”.

No Pátio Savassi, a Copa do Mundo agregou vendas. “Temos dados que mostram uma participação 26% maior de clientes novos em relação ao ano passado”, afirmou a gerente de Marketing Rejane Duarte.

Restaurantes e motéis anteciparam a data

Para driblar o prejuízo, bares, restaurantes e motéis de BH anteciparam a comemoração do Dia dos Namorados para a véspera, dia 11. Além de temer a falta de clientes, os estabelecimentos optaram por prevenir-se contra as manifestações programadas para os dias de jogo do Brasil.

Para o vice-presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel MG), Matusalém Gonzaga, a estratégia foi bem sucedida e aprovada, inclusive, pelos casais que não chutaram a ocasião para escanteio.

“Foi uma véspera muito melhor do que a de outros anos. Tivemos, aproximadamente, 30% a mais de movimento nos estabelecimentos. Muitas pessoas trocaram as reservas do dia 12 para um dia antes, com medo de confusão nas ruas”, afirmou Gonzaga.

A proposta também deu certo nos motéis. No Forest Hills e no Green Park, por exemplo, a véspera do Dia dos Namorados foi “bem movimentada”, de acordo com a assessoria das unidades.

Pesquisa

O mau desempenho de vendas no comércio de rua de Belo Horizonte no Dia dos Namorados confirmou os resultados de pesquisas realizadas pela Câmara de Dirigentes Lojistas da cidade (CDL-BH). De acordo com a economista da entidade, Ana Paula Bastos, o fechamento prematuro das lojas e o cenário econômico atual prejudicaram a terceira melhor data para o comércio, neste ano.

Embora o balanço ainda não tenha sido divulgado, os empresários projetam um tíquete médio 25% inferior ao registrado no ano passado, no mesmo período. “A expectativa é de que as pessoas gastem, em média, de R$ 75 a 100, enquanto em 2013 a margem foi de R$ 100 a 150”, disse Ana Paula.

Segundo ela, de maneira geral, o comércio vem enfrentando um período difícil, sem aumentos significativos nas vendas, resultado de uma série de fatores desfavoráveis.

“As pessoas têm gastado menos, comprando itens com valores menores e o medo de confrontos também afasta a clientela das lojas”.
 

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