Taxa Selic

Copom eleva juros básicos da economia para 14,25% ao ano; Fiemg teme encolhimento da indústria

Preço dos alimentos e incertezas globais influenciaram decisão do Conselho de Política Monetária

Do HOJE EM DIA (*)
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Publicado em 19/03/2025 às 18:56.Atualizado em 19/03/2025 às 19:11.
Além de esperada pelo mercado financeiro, a elevação em 1 ponto havia sido anunciada pelo Banco Central na reunião de janeiro (RAFA NEDDERMEYER/AGÊNCIA BRASIL)
Além de esperada pelo mercado financeiro, a elevação em 1 ponto havia sido anunciada pelo Banco Central na reunião de janeiro (RAFA NEDDERMEYER/AGÊNCIA BRASIL)

A alta do preço dos alimentos e da energia e as incertezas em torno da economia global fizeram o Banco Central (BC) aumentar a taxa de juros mais uma vez. Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic (os juros básicos da economia), em 1 ponto percentual -para 14,25% ao ano. 

Essa foi a quinta alta seguida da Selic, que está no maior nível desde outubro de 2016, quando também chegou ao patamar de 14,25% ao ano. A alta consolida um ciclo de contração na política monetária brasileira. 

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas (Fiemg), o controle da inflação é fundamental para a estabilidade econômica, mas a elevação de juuros tem impactos negativos que precisam ser considerados. 

“A elevação da Selic a níveis tão altos tende a restringir os investimentos produtivos, aumentar os custos de produção e reduzir a competitividade da indústria brasileira e mineira”, ressalta Flávio Roscoe, avaliando que a medida tende a desacelerar ainda mais a atividade econômica, "refletindo na geração de empregos e renda das famílias".

Outra ponderação é alta do custo financeiro das empresas. que segundo ele enfrentam despesas maiores com empréstimos e capital de giro, além de encarecer os produtos finais, pressionando a inflação - justamente o que a política monetária busca conter.

Após chegar a 10,5% ao ano de junho a agosto do ano passado, a Selic começou a subir em setembro do ano passado, com uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5 ponto e duas de 1 ponto percentual.

Índice inflacionário chama atenção do Copom

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial, ficou em 1,48%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o fim do bônus de Itaipu sobre a conta de luz e o preço de alguns alimentos contribuíram para o índice.

Com o resultado, o indicador acumula alta de 4,87% em 12 meses, acima do teto da meta do ano passado. Pelo novo sistema de meta contínua em vigor a partir deste mês, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior é 4,5%.

Para a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), a estratégia do governo não está surtindo o efeito desejado, pois a inflação continua em alta. “A manutenção de taxas altas de juros por longos períodos pode prejudicar a recuperação econômica, limitar a expansão dos negócios e afetar a criação de empregos”, argumenta o presidente da instituição, Marcelo de Souza e Silva.

No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de dezembro pelo Banco Central, a autoridade monetária manteve a previsão de que o IPCA termine 2025 em 4,5%, mas a estimativa pode ser revista, dependendo do comportamento do dólar e da inflação. O próximo relatório será divulgado no fim de março.

As previsões do mercado estão mais pessimistas. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 5,66%, mais de 1 ponto acima do teto da meta. Há um mês, as estimativas do mercado estavam em 5,6%.

Crédito mais caro

O aumento da taxa Selic ajuda a conter a inflação. Isso porque juros mais altos encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas maiores dificultam o crescimento econômico.

No último Relatório de Inflação, o Banco Central elevou para 2,1% a projeção de crescimento para a economia em 2025.

O mercado projeta crescimento um pouco menor. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 1,99% do PIB em 2025.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.

(*) com Agência Brasil

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