Crise automotiva já corta vagas no setor em Minas Gerais

Bruno Porto - Hoje em Dia
09/01/2015 às 07:28.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:36

(Editoria de Artes/Hoje em Dia)

O setor automotivo encerrou 2014 com queda de 7,1% nas vendas totais de veículos na comparação com 2013. O menor volume de licenciamentos impactou o nível de empregos da cadeia de fornecedores.

Em 2014, as autopeças cortaram 19 mil postos de trabalho – de 220 mil trabalhadores empregados em 2013 para 201 mil no ano passado, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).

Embora com menor intensidade, o corte de empregos deve se manter neste ano, projetou a entidade. Em Sete Lagoas, na Região Central de Minas Gerais, o sindicato dos metalúrgicos apurou a dispensa, sem recontra-tação, de 1.309 trabalhadores. Desses, a Iveco, do Grupo Fiat, teria sido responsável pela dispensa de 612 funcionários. “O número de demissões, inclusive, é maior, mas o sindicato só homologa as dispensas de trabalhadores com mais de um ano na empresa. Não percebo significativa melhora para 2015”, afirmou o vice-presidente do sindicato, Márcio Gomes.

A Iveco atua no mercado de caminhões e comerciais leves. No caso dos caminhões, as vendas totais caíram 10,1%. Os comerciais leves tiveram crescimento de 1,6% das vendas. Via assessoria de imprensa, a Iveco informou que a área de manufatura da unidade de veículos comerciais entrou em férias coletivas entre 15 de dezembro de 2014 e 14 de janeiro de 2015, o que atingiu cerca de 3.200 pessoas em Sete Lagoas. A empresa não se manifestou sobre as demissões.

O diretor regional do Sindipeças, Fábio Sacioto, confia em estabilidade do emprego em 2015. “Cerca de 90% das autopeças são dependentes da Fiat. A montadora já informou que não prevê demissões, e acredito que o mesmo ocorrerá no mercado de trabalho, com manutenção de empregos pelos próximos meses”, disse.

Anfavea quer suspender contratos de trabalho por prazo maior

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, defendeu a ampliação da suspensão temporária dos contratos de trabalho (layoff) para evitar demissões. O mecanismo assegura aos trabalhadores afastados uma bolsa, custeada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador, por seis meses.

No ABC paulista, na última quinta-feira (8), os 11 mil empregados da fábrica da Mercedes encerraram paralisação por 24 horas contra a demissão de 244 funcionários. Somados aos 13 mil empregados da Volkswagen, que entraram em greve na véspera, eram 24 mil os trabalhadores de braços cruzados na região. A Volkswagen anunciou a demissão de 800 trabalhadores.

Desta vez, o governo afirma que não pretende intervir no embate entre os sindicatos e as montadoras. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, afirmou que, a princípio, são ajustes que não se traduzem em um problema setorial.

“Não é um problema que justifique ação direta do governo. Temos entre 130 mil e 140 mil trabalhadores no setor automotivo. Essas demissões representam algo que podemos considerar como uma questão extremamente limitada. Acompanharemos o caso com toda a atenção, mas é algo que se restringe às relações entre empresas e sindicatos”, disse. 

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