(Flávio Tavares – Arquivo Hoje em Dia)
Depois da enxurrada de críticas sobre os preços estratosféricos cobrados pelos carros importados no Brasil, com direito a repercussão internacional, a Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva) divulgou na terça-feira (14) levantamento com todos os itens que entram na composição do preço dos veículos. A entidade rebateu as acusações e afirmou que os tributos são os vilões, tão malvados que podem triplicar o valor final do automóvel importado. A planilha da Abeiva foi analisada, a pedido do Hoje em Dia, pelo economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Samy Dana. A conclusão é que os impostos têm sua parcela de culpa, mas também há o abuso por parte dos importadores, que jogam o lucro para cima porque consumidores dispostos a pagarem muito. Simulação Segundo o presidente da Abeiva, Flavio Padovan, um veículo hipotético importado por um preço de R$ 100 mil no exterior chega às lojas brasileiras custando R$ 340 mil para o comprador final. Grande parte da diferença, aponta, vem da tributação. Sobre o modelo incidem 35% de Imposto de Importação, 3% de despesas aduaneiras, 54% de ICMS e PIS/Cofins e outros 55% de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Os cálculos apontam margens de 7,5% das importadoras e de 10% das concessionárias. “Consideramos todos os impostos, alíquota e margem de lucro que, na verdade, a maioria das importadoras e concessionárias reduzem para conseguir vender carro nesta situação de crise”, afirmou Padovan. Ele lembra que, desde dezembro, o carro importado paga 30 pontos percentuais a mais de IPI que o carro nacional. Margens “O custo com impostos é fato, mas as margens são altíssimas e fazem do Brasil o país com os carros mais caros no mundo entre países desenvolvidos e emergentes”, dispara Samy Dana. Conforme levantamento do Hoje em Dia publicado na edição de terça-feira (14), um Mercedes Benz ML 350 SUV, que aqui custa R$ 348 mil, nos Estados Unidos sai por R$ 86 mil, quatro vezes menos. “O preço só é tão alto porque a concorrência no país é pequena. Uma alternativa é trazer o carro por conta própria”, diz o professor. Leia mais na edição digital