O ex-ministro da Fazenda Delfim Netto elogiou, nesta quinta-feira, o presidente do Banco
Central (BC), Alexandre Tombini e disse que a autoridade monetária "não vai se submeter ao cabo de
guerra entre os vendedores de papéis do mercado financeiro e o governo e, portanto, subirá a taxa básica de juros (Selic) se achar necessário". A afirmação foi feita em evento na Câmara Americana de Comércio (Amcham).
Indagado se, diante da demonstração clara, na ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), de que a inflação segue sob pressão, o BC não elevaria a Selic na próxima reunião, Delfim ponderou: "É muito melhor para o governo aguardar como a inflação se comportará até o segundo semestre, quando sempre há um recuo, antes de subir a Selic.
Para o economista, uma variação, por exemplo, de 0,25 ponto porcentual na Selic traria impactos apenas no setor de serviços, mas mudaria pouco as decisões de investimentos na produção. "Seria importante apenas para o mercado financeiro. Não tem influência maior no sistema produtivo", emendou.
Ainda segundo o ex-ministro, a esperança é de que o aumento da oferta, principalmente de commodities agrícolas, ocorra até o segundo semestre e controle a inflação sem a necessidade de mudança na taxa básica de juros. "Se aumentar agora (a Selic), quando os preços caírem em agosto, um estatístico falará que a baixa foi por causa da decisão (do Copom), o que não será verdade."
Delfim elogiou, com ressalvas, a decisão do governo de fazer concessões e ainda de pressionar, por meio dos bancos oficiais, a queda dos juros reais. "Nas concessões o governo faz a coisa certa, mas de maneira equivocada, o que gera ruídos do sistema. Já a baixa na taxa de juros real, essa sim tem efeitos na produção", disse. "Deem credito de confiança ao Brasil, pois, ainda que a aparência seja de tumulto, faz a coisa certa", concluiu.
http://www.estadao.com.br