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SÃO PAULO - A decisão do Brasil de optar pela compra de jatos suecos da Saab atingiu a cidade rural de Alton, no Estado americano do Missouri, onde a empresa familiar de Chet Cisco fabrica peças para aviões da Boeing há quase quatro décadas.
O Super Hornet da Boeing, que tem peças fornecidas por vendedores de todo o Missouri, parecia prestes a obter o contrato bilionário do Brasil. Mas as revelações de que a Agência Nacional de Segurança (NSA) espionou a presidente Dilma Rousseff ajudaram a matar o acordo no último minuto.
A empresa sueca foi a vencedora da concorrência para fornecer 36 aviões à FAB, em decisão de US$ 4,5 bilhões (R$ 10,5 bilhões) anunciada na quinta-feira passada. O processo de decisão consumiu mais de dez anos de negociações.
A recusa brasileira do Super Hornet e a perda de um grande contrato de F-15s com a Coreia do Sul no mês passado ameaçam as linhas de produção na área de St. Louis que empregam funcionários da Boeing, fornecedores e a qualidade do crédito do município.
Nos níveis de produção atuais, o Super Hornet sairia de linha em 2016, e os F-15 dois anos depois. A Boeing e seus fornecedores vinham contando com acordos militares no exterior para ampliar a vida dos dois aviões, mas as pressões orçamentárias estão atrasando os fechamentos de contrato em alguns mercados cruciais, além de reduzir compras nos Estados Unidos.
"Certamente estamos preocupados com o desfecho disso", declarou Chet Sisco, gerente-geral da Central Ozark Machine Inc., que emprega 25 pessoas e obtém cerca de 85% de seu trabalho fabricando peças de alumínio e titânio para Super Hornets e F-15s.
O Super Hornet tem como maior cliente a Marinha dos EUA e sustenta cerca 30% dos 15 mil empregados da Boieng no Missouri. O avião e outros negócios da empresa fornecem cerca de R$ 1 bilhão de dólares em encomendas anuais para quase 700 fornecedores no Missouri.