A lagarta que causou R$ 1 bilhão de prejuízo a agricultores na Bahia chegou a Minas Gerais. No Estado, a helicoverpa SP já dizimou cerca de 5% das plantações de algodão nas quatro regiões produtoras: Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro, Noroeste e Norte.
Juntas, as regiões são responsáveis pela produção de 25 mil toneladas de algodão por ano, garantindo ao Estado a quinta colocação entre os maiores cultivadores do país. Apesar de o ataque já ter sido comprovado, os produtores estão de mãos atadas.
A plantação mineira de algodão gira em torno de 20 mil hectares. De acordo com o consultor técnico da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa), Lusimar Eugênio, cerca de mil toneladas já foram perdidas. Como reflexo, o custo do produtor subiu 15%. O repasse ao produto final ainda não foi estimado.
Ataque
Embora caro, o investimento do produtor para combater a praga é ineficiente. O motivo é a dificuldade de distinguir a espécie da lagarta. “Há um novo tipo, que não existia no Brasil, atacando as nossas lavouras. Para ela, o combate é ainda mais difícil”, afirma o consultor técnico. A helicoverpa armígera, como é conhecida a nova espécie, ataca culturas diferentes da helicoverpa zea, que, a princípio, infestava apenas o milho.
Além disso, um erro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) atrasa o combate. No dia 18 de março, o MAPA o publicou no Diário Oficial da União (DOU) ato permitindo a utilização de agrotóxicos a base de vírus nas lavouras infestadas pelo período de 24 meses. Produtos químicos liberados para tratar outros tipos de produção agrícola também foram liberados. O problema é que não foi feita a publicação complementar da lista dos Estados autorizados a usar os inseticidas.
Para sanar o problema, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) enviou, na última terça-feira, correspondência ao ministério solicitando publicação urgente de retratação no DOU. “Até que uma nova publicação seja feita, nós estamos de mãos atadas”, diz o gerente de Defesa Vegetal do órgão, Nataniel Diniz Nogueira.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que recentemente descobriu a espécie hermígera no Brasil, ainda não foi notificada da chegada da lagarta em Minas Gerais.