SÃO PAULO - Depois de ter ultrapassado R$ 2,40 logo após a abertura do mercado nesta segunda-feira (19), o dólar à vista -referência para as negociações no mercado financeiro- amenizou a alta depois de uma intervenção do Banco Central.
Às 10h50 (horário de Brasília), o dólar à vista subia 0,97% em relação ao real, cotado em R$ 2,398 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial, utilizado no comércio exterior, avançava 0,12%, para R$ 2,399.
O Banco Central realizou mais cedo um leilão de swap cambial tradicional, que equivale a venda de dólares no mercado futuro, visando conter a disparada recente do dólar. A moeda americana chegou a atingir R$ 2,41 na pré-abertura do mercado.
Na operação do BC, foram vendidos todos os 40 mil contratos de swap oferecidos, com vencimentos em 1º de novembro de 2013 e 1º de abril de 2014, por US$ 1,987 bilhão. O leilão de hoje já havia sido anunciado na noite de sexta-feira.
Na semana passada, o BC realizou uma intervenção no câmbio na quinta-feira e duas na sexta-feira. Mesmo assim, a moeda americana fechou a última semana no maior valor desde 6 de março de 2009.
A corrida por dólares foi mais uma vez justificada por apostas sobre quando os EUA vão começar a reduzir os estímulos econômicos: para injetar recursos na economia, o Fed (banco central americano) recompra mensalmente, desde 2009, US$ 85 bilhões em títulos do governo -parte do dinheiro vira investimentos em outros países, inclusive o Brasil.
Com a redução desse incentivo, as aplicações tendem a diminuir e, com a perspectiva de menos dólares no mercado brasileiro, o preço sobe.
Além disso, investidores preveem que, encerrada a recompra de títulos, o próximo passo será o aumento do juro dos EUA, hoje quase zero. Juro mais alto deixa os títulos do Tesouro americano, remunerados pela taxa, mais atraentes que aplicações de maior risco, como Bolsas, especialmente de emergentes.
A incerteza com os EUA tem feito o dólar ganhar força em relação às principais moedas internacionais. No Brasil, porém, o real também é prejudicado pelo pessimismo do mercado em relação a economia brasileira.
"Mantemos pouco fluxo de entrada de dólares no país, com a balança comercial negativa. A inflação desacelerou, mas está alta, e o PIB não cresce", diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora. "Isso ajuda a pressionar a cotação do dólar", acrescenta.
A disparada do dólar voltou ao topo da lista de preocupações da presidente Dilma Rousseff. O tema será discutido pela presidente em reunião nesta semana com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do BC, Alexandre Tombini.
Bolsa
Depois de ter fechado os últimos oito dias em alta, o principal índice de ações da Bolsa brasileira, o Ibovespa, registra queda hoje. Os investidores operam com cautela em uma semana repleta de referências importantes nos Estados Unidos e na China. Às 11h18, a baixa do índice era de 0,57%, a 51.242 pontos.
Além disso, o dia marca o vencimento de opções sobre ações na Bolsa brasileira (quando vencem papéis que equivalem às opostas dos investidores sobre o preço futuro das ações), o que normalmente traz volatilidade ao mercado.
O mercado avalia a notícia de que, depois de duas semanas em queda, economistas de instituições financeiras mantiveram as projeções do para crescimento do PIB brasileiro para 2013 em 2,21%. Para o ano que vem, a expectativa também se manteve, em 2,50%.
As ações do setor siderúrgico continuam subindo em meio a forte valorização do dólar, o que beneficia o negócio dessas empresas exportadoras.
Às 11h15, as ações preferenciais da Usiminas (mais negociadas e sem direito a voto) avançavam 4,75% e lideravam os ganhos do Ibovespa. No mesmo horário, os papéis ordinários (com direito a voto) da siderúrgica mineira tinham ganho de 4,7%.
Em seguida, os papéis da CSN registravam avanço de 2,28% às 11h16, enquanto as ações preferenciais da Gerdau subiam 1,23%.
Em sentido oposto, o Ibovespa era pressionado para baixo pelos papéis mais negociados da Petrobras, que caíam 0,95%, e da Vale, com queda de 0,27%. A baixa de 4,47% das ações da OGX, petroleira de Eike Batista, também pressionava a Bolsa brasileira às 11h18.