Dólar fecha no maior valor em mais de cinco anos corte de estímulo nos EUA

Folhapress
29/01/2014 às 19:47.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:40

SÃO PAULO - Refletindo a expectativa de corte no estímulo americano, que foi confirmada no final da tarde pelo banco central dos Estados Unidos, o dólar fechou nesta quarta-feira (29) em alta pelo sétimo dia seguido e atingiu seu maior valor em mais de cinco anos.    Em uma decisão amplamente esperada pelo mercado, o Federal Reserve (BC americano) cortou em US$ 10 bilhões sua injeção mensal de recursos na economia dos EUA, através da compra de títulos públicos. A cifra passou de US$ 75 bilhões para US$ 65 bilhões mensais.    Em dezembro, o Fed já havia feito um corte na mesma proporção o primeiro desde 2009, quando adotou a medida de estímulo para amenizar os efeitos da crise. O BC americano também anunciou hoje que manteve inalterada a taxa de juros dos EUA em seu menor patamar histórico, entre 0% e 0,25% ao ano.    Com o corte no estímulo, fica menor o volume de recursos disponíveis nos EUA para investimento em outros mercados incluindo emergentes, como o Brasil. E diante da perspectiva de menor entrada de dólares por aqui, o preço da moeda americana tende a subir mais em relação ao real.    Os mercados brasileiros já estavam fechados quando o Fed anunciou o corte, mas a aposta dos investidores na nova redução que se confirmou foi suficiente para empurrar a moeda americana cima.    O dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 0,35%, para R$ 2,435, o maior preço de fechamento desde 9 de dezembro de 2008 (R$ 2,457). Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançou 0,41%, a R$ 2,437, maior valor desde 21 de agosto do ano passado (R$ 2,451), quando o Banco Central do Brasil adotou seu programa de intervenções diárias no câmbio.    Na Bolsa, o Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro, terminou o dia em baixa de 0,59%, para 47.556 pontos.   Avaliações    "O motivo que levou o Fed a tomar a decisão do corte no mês passado (melhora econômica) foi o mesmo que ele considerou neste mês. A autoridade voltou a dizer que a retirada do estímulo será gradual, o que é positivo para os emergentes", diz Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.    Para ele, o fato de o Fed manter a preocupação com o mercado de trabalho dos EUA, afirmando que a taxa de desemprego ainda está acima do considerado ideal, sinaliza que a autoridade não deve acelerar a retirada do estímulo em sua próxima reunião.    "A inflação também vai continuar sendo monitorada pelo Fed. Apesar de estar em um nível baixo, a taxa não é preocupante, o que dá margem para a autoridade manter a retirada gradual de seu incentivo", diz Felipe Machado, analista da Geral Investimentos.    Nicolas Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), avalia que o ritmo de retirada do estímulo americano também vai depender da troca de comando do Fed.   "A Janet Yellen, que assume o Fed após a saída de Ben Bernanke, em 31 de janeiro, é muito alinhada com a atual política da instituição", afirma. "Mas ela tem estilo próprio de gestão. Então, deve fazer a retirada gradual [do estímulo] olhando indicadores próprios. Ela é extremamente técnica, pode dar mais balizamentos técnicos ao mercado", acrescenta.    Bolsa    A queda da Bolsa brasileira hoje foi limitada pelo ganho das ações de exportadoras, que se beneficiam do cenário de aumento do dólar. Os papéis mais negociados da mineradora Vale, por exemplo, subiram 3,74%. Essas ações representam mais de 8% do Ibovespa.    Outras exportadoras fecharam no azul, como as produtoras de papel e celulose Fibria (+6,00%) e Suzano (+4,56%) e a siderúrgica Gerdau (+2,64%).    Em sentido oposto, a queda das ações do setor financeiro puxaram o Ibovespa para baixo. As ações do Itaú Unibanco caíram 1,90%, depois que o banco anunciou nesta quarta-feira um acordo de fusão de sua unidade no Chile com o chileno CorpBanca, em uma operação para reforçar a internacionalização do maior banco privado do Brasil.    Outros bancos cederam, como Bradesco (-2,30%), Banco do Brasil (-4,44%) e Santander (-1,26%). O JP Morgan divulgou relatório reduzindo suas projeções de preço-alvo para as ações das instituições financeiras do Brasil.

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