A falta de apoio do governo no Congresso para aprovar medidas necessárias para que o país volte a equilibrar suas contas e a perspectiva de novo corte da nota de crédito brasileira voltaram a pressionar os mercados de câmbio e juros futuros nesta quinta-feira (24).
A moeda perdeu força e passou a cair depois de declarações do presidente do BC, Alexandre Tombini, que sugeriu que poderão ser feito leilões de dólares no mercado à vista.
O dólar chegou a encostar em R$ 4,25 no início do dia, mas em seguida amenizou o ritmo de alta, enquanto no mercado de juros futuros o contrato para janeiro de 2021 previu taxa em torno de 17% -reflexo da expectativa de que o Brasil terá que pagar retornos maiores para compensar o risco mais elevado de se investir no país.
Às 11h45 (de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 1,06%, para R$ 4,180. Já o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, avançava 1,01%, para R$ 4,187.
Ambas as cotações atingiram a máxima de R$ 4,249 mais cedo e operam no maior valor desde o início do Plano Real, em 1994.
FHC diz que PT está 'mordendo a língua' com alta do dólar
No dia em que a cotação do dólar bateu novo recorde nesta quinta-feira (24), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) usou as redes sociais para devolver ao partido da presidente Dilma Rousseff e de seu padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as críticas que recebeu ao longo dos últimos anos, de que a gestão petista recebeu das mãos do tucano uma "herança maldita". Em post publicado no Facebook, ele disse que "o PT deve estar mordendo a língua, de tanto que disse que recebeu um governo quebrado em 2002".
No post publicado em sua página oficial no Facebook, FHC diz que os petistas nunca reconheceram que o dólar disparou e inflação subiu em 2002, ano de eleições presidenciais no País e último ano de sua gestão na Presidência da República, em função do medo causado pela eleição de Luiz Inácio Lula da Silva.
Após vencer o pleito de 2002, contra o tucano José Serra, atual senador pelo PSDB de São Paulo, Lula e correligionários tentaram colar na gestão FHC a pecha de "herança maldita", por fatores como alta da inflação e disparada do dólar.
No post publicado nesta quinta-feira nas redes sociais, Fernando Henrique questiona: "E agora? A alta do dólar bateu todos os
recordes devido ao medo causado pelo desgoverno do próprio PT."
E avalia que nada nas contas externas justifica tão forte desvalorização do Real frente ao dólar. "Só mesmo a percepção de que nas mãos do governo do PT não existe capacidade para corrigir os erros de política econômica que seu governo fez, reiteradamente." E adverte: "São as lições da história."