O dólar fechou em baixa nesta segunda-feira (23) acompanhando o cenário externo. As principais moedas de países emergentes encerraram o dia com valorização em relação à divisa americana.

Pouco após o fechamento, a agência de classificação de risco Standard & Poor's informou que manteve o grau de investimento do Brasil. A nota de crédito do país foi mantida em BBB-, com perspectiva estável. É o último degrau que separa países com grau de investimento daqueles especulativos.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou com queda de 1,88%, cotado a R$ 3,157. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, teve queda de 2,63%, para R$ 3,145.

A Bolsa brasileira fechou praticamente estável, com leve queda de 0,11%, para 51.908 pontos. Das 68 ações negociadas, 29 subiram, 37 caíram e 2 fecharam estáveis.

RISCO

"A S&P era uma das agências que mais preocupavam, pois era aquela em que o Brasil está apenas um grau acima do especulativo. Se a S&P rebaixasse o país e fosse acompanhada de mais uma agência, uma série de fundos que são obrigados a investir em países com grau de investimento seriam forçados a retirar seus investimentos do país", avalia Fabio Lemos, analista de renda variável da São Paulo Investments. 

Para ele, a chancela da S&P ao grau de investimento do país deve ter sido motivada por alguma informação do governo envolvendo o balanço auditado da Petrobras. "Sem isso, o governo poderia ter que capitalizar a empresa, o que prejudicaria o ajuste fiscal prometido", ressalta. 

EXTERIOR

O real foi a moeda que mais se valorizou ante o dólar nesta sessão. Das 24 principais moedas emergentes, 21 subiram em relação ao dólar.

Na avaliação de economistas ouvidos pela Folha, a semana começou ainda sob influência da sinalização do banco central americano (o Fed, Federal Reserve), na última semana, de que não deve subir os juros nos EUA em breve, diante da recuperação da economia mais moderada do que se imaginava.

"Alguns membros do Fed expressaram preocupação com a valorização do dólar e como isso pode prejudicar as exportações americanas, diminuindo a possibilidade de um aumento no curto prazo", afirma Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil.

Na avaliação de Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, as quedas da moeda são pontuais. "Para ocorrer a desvalorização grande do dólar teríamos que ter um cenário econômico e político muito bom, inclusive com os ajustes aprovados pelo Congresso", afirma.

Na sexta (20), o governo decidiu deixar para o Congresso as negociações sobre a proposta que reduz a desoneração da folha de pagamento e encaminhou o projeto de lei repetindo o texto da medida provisória enviada anteriormente ao Legislativo sobre o tema.O pedido de tramitação está em regime de urgência. 

Os investidores também analisaram a reunião do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, com a chanceler alemã, Angela Merkel, na primeira primeira visita oficial dele e Berlim.

A promessa da Grécia de que fará reformas econômicas para receber empréstimo de seus credores europeus continua animando os mercados nesta sessão, afirmam analistas.

BOLSA

A leve queda da Bolsa nesta sessão foi causada por investidores que decidiram embolsar lucro, avalia Luciano Rostagno, do Banco Mizuho.

Os papéis da Petrobras fecharam o dia em direções opostas. As ações preferenciais, mais negociadas e sem direito a voto, fecharam estáveis a R$ 9,35. As ações ordinárias, com direito a voto, subiram 0,66%, para R$ 9,22.

A maior alta do dia ficou com os papéis da construtora PDG Realty, que subiram 17,5%. A segunda maior alta do dia ficou com as ações da Gol, que subiram 5,11%, para R$ 9,25, após a assembleia de acionistas da empresa aprovar o desdobramento de ações ordinárias da companhia aérea na proporção de 35 novos papéis para cada um da mesma espécie emitido pela empresa. 

Compartilhar