Dúvidas sobre recuperação da economia em 2013 podem ajudar a manter juros baixos

Wellton Máximo - Agência Brasil
Publicado em 15/11/2012 às 17:09.Atualizado em 21/11/2021 às 18:19.

Brasília – As dúvidas sobre a velocidade da recuperação da economia em 2013 podem ajudar o Banco Central (BC) a manter os juros básicos da economia no menor nível da história. Segundo especialistas, se o Produto Interno Bruto (PIB) não crescer como o governo espera, as pressões sobre a inflação serão aliviadas, e a autoridade monetária terá mais tempo para não elevar a taxa Selic.

As ressalvas sobre o ritmo de recuperação da economia estão expressas no boletim Focus, pesquisa com instituições financeiras divulgada todas as semanas pelo Banco Central. No último levantamento, que saiu segunda-feira (12), os analistas reduziram, pela terceira semana seguida, as projeções para a taxa básica de juros no fim de 2013. A estimativa passou de 7,63% para 7,25% ao ano, exatamente o nível atual da taxa Selic.

Caso as projeções se confirmem, os juros básicos ficarão estáveis no ano que vem. Há 14 semanas, os analistas mantêm a estimativa de crescimento de 4% para a economia em 2013. No entanto, a queda nas projeções dos juros, de acordo com os especialistas, indica que as previsões para o PIB podem ser revisadas para baixo nas próximas pesquisas.

“Cada vez mais, os dados indicam que a recuperação da economia atrasará. Isso reduz as pressões sobre a inflação e reforça a manutenção dos juros básicos no próximo ano”, avalia o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa. Para ele, o próprio comportamento da inflação também incentivará o BC a não reajustar os juros básicos tão cedo. “A alta da inflação está perdendo força e não há nenhum indicador que possa puxar os índices para cima em 2013”, diz.

Para o professor de economia Robson Gonçalves, da Fundação Getulio Vargas, a postura do Banco Central no governo atual indica que a preocupação com o crescimento da economia está sendo levada em consideração na hora de definir a Selic. “O Copom [Comitê de Política Monetária] já deixou claro que está trabalhando de forma não linear para que a inflação oficial convirja para o centro da meta [que é 4,5%]”, alega.

Na avaliação de Gonçalves, o BC, no atual governo, está se aproximando do Federal Reserve, Banco Central norte-americano, perseguindo não apenas a inflação baixa, mas o crescimento econômico. “O Fed [Federal Reserve] oficialmente persegue dois objetivos: o controle da inflação e o baixo desemprego. No Brasil, o Banco Central passou a fazer o mesmo. Se a economia desacelera, os juros ficam reduzidos por mais tempo.”

Newton Rosa concorda que os juros baixos são importantes para estimular o consumo, mas ressalta que o governo não poderá confiar apenas na política monetária para fazer a economia decolar novamente, em meio a uma crise global. “Claro que a conjuntura internacional sempre vai influenciar o Brasil, mas o que pesa aqui dentro não é a falta de consumo, e sim o baixo investimento público e privado”, destaca. “O principal desafio hoje é fazer o país ampliar a capacidade de produção.”

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